Disney alcança amadurecimento em Zootopia
As animações da Disney vem evoluindo, trazendo uma renascença para as animações. Sempre se destacando de forma singular no cinema, ganharam peso, que antes muitos nem sonhavam que era possível.
Zootopia começa com a coelhinha Judy Hopps sonhando em ser policial, quando finalmente tem a chance de fazer aquilo que sonha. Esbarra no preconceito de ser uma coelha e não ter atributos consideráveis apropriados para função, até que se depara com um caso de desaparecimento - onde finalmente pode mostrar do que é capaz - tendo como sua única testemunha um raposo esperto chamado Nick Wilde.
A equipe de animação não fez nada de extravagante, nem estilizado. Apesar do conceito do mundo de Zootopia ser interessante, foram feitos animais falantes morando em casas, convivendo em sociedade. Não existe inovação - o que seria bem útil para o filme - sendo sua única falha. A animação cai no clichê e os roteiristas sabem disso usando e abusando desse conhecimento, pois a força de Zootopia é a forma com que aborda esse tema batido, com personagens carismáticos. A protagonista Judy Hopps é encantadora e otimista - qualidades que brilham na dublagem - porém mesmo assim existe um personagem complexo, tridimensional e com falhas. A raposa Nick não fica para trás, mostrando o quanto o roteiro é afiado. Uma química sublime e invejável, os dois brilham na tela assim como todos os outros personagens.
Outro mérito do filme, é tratar de um tema atual e muito adulto sobre preconceito. Chega a ser fascinante como uma animação da Disney pode ter tantos tons acinzentados quanto um filme "com pessoas", dizendo que ninguém é imune ao preconceito, onde todos erramos mas podemos aprender e mudar, conhecendo o próximo, não deixar que uma raça defina o inteiro.
Talvez não seja tão bom quanto O Rei Leão (1994), mas sem dúvida é o melhor trabalho da Disney. Para essa renascença o amadurecimento é evidente, entretendo pessoas de todas as idades. Além de ensinar e debater sobre nosso mundo, espero que continue produzindo animações nessa linha: divertidas, inteligentes e sem medo de tratar a criança - que existe em todos nós - como adulto algumas vezes.