Mundo desajustado para um ser desajustado
No mundo em que vivemos julgamos pela aparência, do que seria saudável ou não, Desajustados seria uma reflexão da vida, quando precisamos fazer as grandes perguntas e respondê-las.
Fusi (Gunnar Jonsson) é um homem que já chegou aos 40 anos de idade - sendo que ainda vive como se fosse um adolescente, quase uma criança - morando com sua mãe, gastando dinheiro com brinquedos. Até conhecer Sjöfn (Limur KristJánsdóttir), uma mulher que o ajuda na transição para a vida adulta.
Ser desajustado perante a sociedade é questionável, esta é a sua mensagem, sendo ela um dos pontos fortes do filme, singela e objetiva. Fusi - aos olhos dos seus vizinhos e colegas de trabalho - é um psicopata. Um homem à beira da loucura, cercado de frustação e de arrependimento, porém - conforme o vamos conhecendo - vemos alguém satisfeito com a vida que leva, até descobrir que talvez almeje amadurecer.
Tudo no filme é usado de forma lírica e realista, quase uma poesia, isso é deixado bem claro na forma em que o filme é desenvolvido. Além do filtro usado ser bem acinzentado, refletindo com o nosso próprio mundo e como vemos os estereótipos, acabamos percebendo que o mundo do protagonista é bem colorido. O estado conflitante é chocante, tendo 40 anos e ainda agindo como um adolescente, indo brincar na casa do amigo ou com medo de falar com o sexo oposto, isso é o que deixa o filme particularmente interessante: a forma como todos os personagens são desajustados. Nenhum deles querendo admitir, mas todos estão tão perdidos quanto Fusi.
O filme é um estudo da sociedade, o que somos e para onde queremos ir, quando é a hora de amadurecer e como podemos crescer. É nisso que o filme é bem-sucedido, em conseguir mostrar o quanto nós - como sociedade - estamos fadados a julgar.
Desajustados é um filme que consegue entregar justamente o que promete. Digno de sua mensagem, cria um mundo desajustado para um protagonista ajustado, ensinando que é possível crescer e amadurecer sem julgar.