Muita produção pra pouca essência
Após seis anos, chega às telas a continuação do Alice no País das Maravilhas (2010), que trazia toda a característica original e sombria de seu diretor Tim Burton. Em Alice - Através do Espelho, Burton apenas assina a produção, deixando a direção a cargo de James Bobin (Os Muppets, 2011).
Desta vez, Alice (Mia Wasikowska) comanda o navio herdado de seu pai e ao voltar à terra descobre que sua mãe Helen (Lindsay Duncan) pôs à venda o barco e a casa. É quando Absolem (voz de Alan Rickman) - que agora é uma borboleta - a conduz ao País das Maravilhas através do espelho. Lá, Alice encontra Chapeleiro (Johnny Depp), a Rainha Branca (Anne Hathaway), a Rainha de Copas (Helena Bonham Carter) e o Tempo (Sacha Baron Cohen).
Escrito pela roteirista Linda Woolverton (O Rei Leão, 1994), o filme tem um visual primoroso - realçado ainda mais em 3D - porém uma trama confusa. Nesta continuação, o roteiro procura tapar algumas lacunas deixadas no filme anterior. Dentre elas, o motivo da Rainha de Copas ter a cabeça em formato tão estranho, a falta de aceitação do Chapeleiro por parte de seu pai e a relação turbulenta entre a protagonista e seus pais.
A entrada de Cohen no elenco deu um novo fôlego ao filme, pois - exceto pela brilhante Bonham Carter - os atores parecem em "piloto automático". O ritmo de videoclipe do filme torna-o cansativo, ao menos para a "velha guarda", como é o meu caso.
Assistindo à toda a tecnologia empregada no filme, não pude deixar de pensar o quanto pode ser gratificante para um roteirista entrar em uma produção dessa magnitute - pois sabe que qualquer coisa que venha à sua imaginação poderá ser criada - por outro lado, fiquei pensando o quanto do trabalho de direção é deixado de lado por conta dos efeitos digitais colocados na pós-produção. Isso torna a realização de um filme muito mais próxima à produção de um videogame de última geração do que do cinema de verdade.