
Quando o menos é mais
Parece frase feita quando se diz: menos é mais. Mas no filme O Valor de Um Homem, o ator francês Vincent Lindon (Diário de Uma Camareira, 2015) atua da forma mais simples que se possa imaginar e consegue um resultado devastador. Não à toa recebeu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes 2015.

No filme, Lindon interpreta Thierry Taugourdeau, um cinquentão desempregado que busca desesperadamente se recolocar no mercado de trabalho. Casado e com um filho excepcional, tem nove meses para conseguir um emprego que mantenha seu padrão de vida, pois os estudos de seu filho tem custo elevado. Para isso, sujeita-se a trabalhar em funções inferiores e com salário abaixo do que estava habituado, suportando humilhações que só um homem muito determinado aguentaria.

O diretor Stéphane Brizé (Uma Primavera com Minha Mãe, 2012) apresenta essa história - que muitos poderiam cair na tentação de fazer um melodrama - de forma crua, seca e direta. A tal ponto que em determinada cena outros personagens discutem sobre o desempenho do protagonista numa entrevista e nem ao menos vemos seus rostos, o diretor opta por ficar apenas num close do protagonista - que através de sua atuação magistral - quase podemos ouvir seus pensamentos.
Brizé apresenta a trama de forma tão direta e sem rodeios que abre o filme numa discussão de Thierry com o funcionário de uma agência de empregos - onde ficamos um bom tempo vendo apenas o protagonista de perfil - e termina de forma inesperada e despretenciosa. A câmera não desgruda de Lindon durante praticamente todo o filme, nos dando a sensação de estarmos diante de um documentário.

Apesar de não ser um grande roteiro, não criar grandes expectativas nem tampouco reviravoltas, O Valor de um Homem é o exemplo do que um bom diretor - e principalmente um ótimo ator - podem fazer com um roteiro mediano.