
Vertente de um fenômeno muito maior
Na década de 70 surge entre os filmes de terror a valorização do fenômeno oculto - que aposta no lado psicológico, suspense e efeitos especiais - marcando por gerações um novo olhar sobre o desconhecido. Aliando ficção e um crime mal resolvido - que ganhou repercussão crescente pelo mistério que o envolvia - o massacre em Amityville teve sua história contada pela primeira vez em 1979 nas telas e mais de 11 refilmagens ao longo de décadas. Partindo do mesmo tema - ditos categoricamente como "baseado em fatos reais" - há um ponto de partida para muitas especulações e filmagens.

Apropriando-se dessa curiosidade crescente em cima da mesma história, o diretor James Wan (Jogos Mortais, 2003) - que em 2013 já havia realizado uma nova leitura dos fenômenos paranormais - explora a história de Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga), dois investigadores da área que ficaram mundialmente conhecidos após o caso. Nessa sequência, Invocação do Mal 2 é um filme que podemos chamar - ao menos até o momento - de "o melhor filme de assombração da última década".
Quase sempre, o uso de objetos que auxiliam na invocação do desconhecido é demonstrado em filmes de terror como alicerce, indicando o convite ao mal. Porém, observamos no decorrer desta filmagem, que a história vem de outros tempos. Farmiga (Os infiltrados, 2006) e Wilson (Sobrenatural, 2010) no papel do casal especialista, percorrem um novo caso. Desta vez no Reino Unido no ano de 1977, onde uma garota de 11 anos, sem credibilidade - decorrente de suas mentiras - é exposta ao mal, começa a manifestar fenômenos demoníacos e atormentar seus irmãos e mãe, transformando sua casa em ruínas.

Afora clichês em demasia - tais como interferência eletrostática, água turva, objetos amorfos, espelhos e arremessos de móveis - o filme utiliza sustos sequenciais, que mesmo sendo previsíveis por conta da respiração ofegante durante a maior parte do filme (em paralelo a efeitos de filmagem), consegue criar uma atmosfera de terror o tempo todo. Os efeitos especiais e técnicas de filmagem aprimoradas com o passar dos anos na indústria cinematográfica, deixa impecável a construção de todo um cenário com qualidade e caracterização convincente de que tudo é muito real.
Se por um lado um dos personagens passa despercebido durante todo o tempo, por outro, pinceladas de humor britânico aparecem nítidas e suavizam a tensão que desde o início embarcamos.

O diferencial nesta produção é apontar sutilmente ao longo do filme, o que será a solução que ficará nítida nos 10 minutos finais sem parecer óbvio, mas bem argumentado.
Há algo de concreto na obra, inerente a acreditar se realmente foram fatos reais ou não. O medo sugerido através dos personagens - e sentido pelo espectador - assume diversas formas e possui a quem os detém, testando sua credibilidade ao vermos a semelhança entre os perfis físicos de cada personagem, endossados nos créditos finais que costuram o terror.
Tudo o que é questionável fascina ou amedronta. Se a história é baseada em fatos reais ou não, cabe a cada um invocar sua defesa ou medo e escolher no que acreditar, o real é que possivelmente estejamos frente ao próximo fenômeno de bilheteria.