Encantador apesar de longo
Filmes românticos são bem-vindos, pois é cada vez mais raro um que emocione. Eles exploram os relacionamentos humanos e mostram como é difícil se conectar com alguém, independente de quem seja. Então, ver isso como uma boa execução é tão atraente quanto um raro romance.
Acompanhamos Louisa Clark (Emilia Clarke), uma moça cheia de vida mas sem grandes planos para o futuro que acaba conseguindo um novo trabalho. Cuidando do tetraplégico William Traynor (Sam Claflin), ambos desenvolvem uma paixão peculiar. Mesmo com as dificuldades por causa da doença, acham a felicidade tão deseja.
A química entre o casal de atores é bem trabalhada pela diretora Thea Sharrock (Call de Midwife, 2012) e sentida logo de cara, pois em pouco tempo é possível sentir o carinho dos dois personagens. E como um afeta a vida do outro, Emilia Clark não perde tempo e mostra toda sua versatilidade, que poderia facilmente cair no clichê da menina que vive em cima das nuvens, dizendo que é possível sonhar com os pés no chão.
Preenchendo o "outro lado da moeda", Claflin cimenta o galã que existe dentro dele, dando um peso sutilmente dramático para seu personagem, que evoca o contraste dentro do casal.
O filme funciona bem, abordando o desenvolvimento desse romance como um humor acalorado. Contudo, também consegue entregar o arco trágico do livro, principalmente em uma sociedade que prega a felicidade constante, sendo até duro com os casais na audiência.
Às vezes não podemos mudar a pessoa do nosso lado, às vezes temos que aceitar que o impacto na pessoa querida seja pequeno envolto à grande jornada que temos na vida.
O ritmo se atrapalha um pouco do primeiro para o segundo ato, deixando o filme longo além do necessário, acrescentando cenas que não fariam diferença no resultado final, mesmo assim nada tira o impacto da obra, desabrochando um roteiro, que acerta em não julgar por nenhum momento os personagens e suas escolhas.
A adaptação é bem sucedida em deixar o público curioso para ler o livro - o que é louvável para o cinema - sendo que a transição para outra mídia, às vezes não é tão fácil quanto se a acredita. Por isso, um filme que sabe conquistar o sentimento da plateia merecer ser visto ao menos que seja uma vez, pois vale à pena.