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CAÇA-FANTASMAS (Ghostbusters)


Reimaginação pobre de um clássico

Há muito tempo os fãs de Caça-Fantasmas namoram uma continuação do clássico de 1984 - algo que em décadas nunca aconteceu - até os produtores decidirem tentar uma nova abordagem como a franquia, revitalizando para uma nova audiência, tendo a direção de Paul Fieg (A Espiã que Sabia de Menos, 2015).


Erin Gilbert (Kristen Wiig), Abby Yates (Melissa McCarthy) e Jillian Holtzmann (Kate McKinnon) - doutoras especializadas em fenômenos paranormais - abrem um negócio no qual prometem pegar um fantasma verdadeiro, com o objetivo de ter uma prova irrefutável do mundo sobrenatural. Com a ajuda de Patty Tolan (Leslie Jones) - ex funcionária do metrô em Nova Iorque - elas atendem ao chamado de salvar a humanidade de um evento fantasmagórico.


O filme começa exatamente como o original, assim pavimentando a estrada percorrida no novo longa do diretor, que apesar de ter um bom currículo com comédias aplaudidas pela crítica, aplica uma direção perceptivelmente insegura. Tenta criar um mundo extravagantemente colorido e ao mesmo tempo usando todos clichês conhecidos para assustar a todo custo sua audiência, porém todo o clima de medo que poderia funcionar é rapidamente descartado. O monstro espectral perde toda a força por ser simplista em seu designer de neon cintilante, acabando com o aspecto grotesco que era bem vindo nos efeitos dos filmes originais.


Isso passa a ser recorrente durante todo a película, a falta de imaginação vira um insulto para quem gostou da original, apresentando participações desnecessárias dos atores antigos. É obvio que o filme seria bem mais convidativo se mantivesse o universo estabelecido no primeiro Caças-Fantasmas. Mesmo assim, a constante apelação para a nostalgia vira algo irritante, pois eles estão lá para lembrar que existe um filme muito melhor.

Além do pouco cuidado com o ritmo constantemente quebrado - que leva a arcos dramáticos desnecessários, o roteiro - assinado pelo diretor junto com Katie Dippold (As Bem Armadas, 2013) - não consegue criar a identidade para manter o público interessado na história. Existe uma necessidade insaciável de lembrar constantemente que estamos vendo Caça-Fantasmas, não tem aprimoramento para esse reboot, fica claramente confortável em explorar um roteiro sem imaginação, da forma mais sem graça possível, o que é bastante estranho para uma comédia.


Há apenas um momento interessante graças ao 3D, que faz a diferença em determinada cena que solta gosma pela tela. É a primeira vez que vejo o 3D funcionar, mas logo cansa e as falhas do roteiro se erguem do túmulo para puxar seu pé.


Enfim, é apenas uma refilmagem medíocre de um clássico dos anos 80, e com isso chegamos ao fato desse filme ser protagonizado por mulheres - coisa que só mencionei na sinopse - porque isso não importa, não é culpa das meninas. Elas tem uma boa química, talvez com o roteiro certo elas conseguiriam honrar o legado deixado por Peter, Ray, Egon e Winston.


Caça-Fantasmas deveria ser sobre fantasmas. A culpa dessa bagunça cai nos ombros do homem por trás da câmera, provando assim que a ficção é um reflexo da realidade. Em vez de criar discurso político, deveria se preocupar primeiramente em fazer um bom filme, coisa que o original fez, e por isso será sempre lembrado como um grande clássico do cinema.

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