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PERFEITA É A MÃE (Bad Moms)


Um filme feminino masculinizado

Filmes com protagonistas femininas são raros, contudo isso está mudando, tanto que vários sucessos recentes no cinema foram protagonizados por mulheres, então Perfeita é a Mãe aproveita essa onda de poder feminino que cresce em Hollywood.


Depois de um dia muito estressante, Amy Mitchell (Mila Kunis) cansa das tarefas de ser uma mãe moderna e junta-se com outras mães para mostrar uma nova forma de criar as crianças, não precisando seguir as regras ao pé da letra, causando uma revolução na escola dos filhos e na sua vida.


É nobre querer fazer filmes com o intuito de vencer barreiras - principalmente colocando um elenco tão forte com mulheres extremamente engraçadas e talentosas - e tudo indicava que seria um filme totalmente original, revigorante, que veríamos um longa através dos olhos de uma mãe dos dias atuais. É uma pena que os roteiristas Jon Lucas (Finalmente 18!, 2013) e Scott Moore (Se beber não case!, 2009) tenham escolhido todas as saídas clichês de comédias românticas protagonizadas por mulheres.


O elenco feminino é um ponto positivo, as atrizes tem muito carisma. O problema é que o roteiro nunca as deixa brilhar como deveriam. Presas a um roteiro muito superficial - que às vezes escapa alguma boa intenção - estão desconfortáveis em não poderem explorar com plenitude uma premissa tão interessante quanto a vida secreta das mães. Nem Christina Applegate (Tudo Por um Furo, 2013) como vilã consegue fazer uma performance engraçada o suficiente para o salvar esse filme.

Os roteiristas deixam evidente que não sabem escrever sobre as mulheres, pois Perfeita é a Mãe tem um estilo muito parecido com os outros trabalhos da dupla. Perdendo toda a criatividade que originalmente a história tinha, aspectos das personagens são ignorados para inserir piadas masculinizadas sem qualquer graça, a veia cômica das atrizes é mal utilizada em piadas repetidas.


Nada dentro do filme faz rir as personagens não conseguem criar a empatia necessária para torná-las personagens palpáveis. Além de só reclamarem sobre a vida - esquecendo a dinâmica entre a mãe e os filhos, o que supostamente era o estopim para a rebelião das matriarcas - a situação não ganha a importância necessária. As personagens apenas dizem qual era objetivo da trama, mas não o fazem.


Sei que a vida de uma mãe pode ser estressante, mas não é o que o produto final traz. É um filme clichê que parece mais uma comédia romântica dos anos 90 do que uma comédia sobre mães em 2016. Os roteiristas se acomodaram em repetir tudo que funcionou em outros filmes, jogando no lixo o potencial de ser uma das melhores comédias do ano, poderia ter se tornado uma carta de amor às mulheres, mas só faz lembrar que a culpa dessa bagunça é sempre de um homem.

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