BEN-HUR (idem)
- Admin
- 20 de ago. de 2016
- 2 min de leitura

Uma refilmagem de encher os olhos
Sempre que se fala numa refilmagem ficamos de antemão com "um pé atrás". Ainda mais em se tratando do clássico épico Ben-Hur (de William Wyler). A versão de 1959 recebeu 11 estatuetas do Oscar e até hoje está entre os filmes mais premiados da história, empatando com Titanic (James Cameron, 1997) e O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei (Peter Jackson, 2003).

O termo mais apropriado para esta nova versão seria releitura, uma vez que o roteiro tem mudanças substanciais na sua estrutura. Na trama, Judah Ben-Hur (Jack Huston) é irmão de criação de Messala Severo (Toby Kebbell), que vai para a guerra e volta como um oficial do império romano. Um incidente os coloca em posições opostas.
Esta versão - bem mais curta do que as quase quatro horas da versão de 1959 - consegue, com duas horas e vinte minutos, apresentar um roteiro muito mais "redondo" e bem amarrado. Dentre as mudanças está o fato dos protagonistas serem irmãos de criação. Outra mudança importante é como eles se reaproximam. Na versão anterior, Judah salva o imperador de um naufrágio, e assim consegue ascensão social. Este é um dos problemas, pois - segundo uma das regras de roteiro de Hollywood - o acaso pode colocar o personagem em dificuldade, mas nunca tirá-lo dela.

Também há uma integração maior da passagem de Jesus Cristo na história. No original, o ícone bíblico é quase um figurante, já nesta versão há uma participação muito maior, inclusive colocando-o de forma mais natural, como um trabalhador comum, em vez de usar túnicas e tecidos vermelhos sobre os ombros como nos filmes bíblicos. Apesar de ter uma certa limitação como ator, Rodrigo Santoro está muito bem no papel.
Um destaque no elenco é o sempre eficiente Morgan Freeman. O ator está muito bem no papel de um africano que ajuda o protagonista a se reerguer.
Apesar de o terceiro ato não ser tão bem desenvolvido, em formas gerais, o roteiro - assinado por Keith R. Clarke (Caminho da Liberdade, 2010) e John Ridley (12 Anos de Escravidão, 2013) - é muito mais interessante e verossímil do que o anterior, assinado por Gore Vidal (Os EUA x John Lennon, 2006).

Como seria de se esperar, as cenas de ação ganham muitas possibilidades devido à tecnologia atual. Na cena de naufrágio, o diretor Timur Bekmambetov (Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, 2012) consegue mais ação e ritmo do que na versão anterior, porém na lendária cena de corrida de bigas, o novo Ben-Hur perde para o anterior.
Com uma linguagem contemporânea, o diretor consegue um excelente resultado, que pode atrair o público jovem, o saudosista e o religioso.
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