Até onde irá o fôlego das comédias nacionais?
Quase garantia de sucesso de bilheteria, as comédias nacionais - também chamadas pejorativamente de Neo-chanchadas – ainda tem fôlego para se comunicar com o público, porém cada vez menos. Isso pelo fato de que o público se familiariza mais e mais com o gênero a cada novo título.
Em consequência, os roteiristas se veem forçados a criar subgêneros e novas tramas. Apesar disso, o filme Tô Ryca segue um estilo tradicional e bastante conhecido pelo público: uma pessoa pobre e sofrida fica rica de repente. Aqui, na versão feminina interpretada por Samantha Schmütz. Impossível não associar a filmes da dupla Roberto Santucci e Paulo Cursino, que levaram milhões de espectadores às salas de cinema com o filme Um Suburbano Sortudo (2016) e a franquia Até que a Sorte nos Separe (2012).
Na trama, Selminha (Samantha Schmuts) e Luane (Katiuscia Canoro) são frentistas até que a primeira recebe uma herança de seu tio, mas para recebê-la precisa gastar trinta milhões de reais em trinta dias. Ao perceber que não está conseguindo seu objetivo, a protagonista decide lançar-se numa carreira política, disputando o cargo com um político com o sugestivo nome Falácio Fausto (Marcelo Adnet).
A fórmula desgastada só consegue se sustentar graças ao enorme talento de Samantha, que carrega o filme "nas costas". Katiuscia – também muito talentosa – aqui está apática, sem o mesmo brilho da colega. Adnet tem uma atuação divertida mas caricata, assim como Anderson di Risi, no papel de um namorado de Selminha. O elenco ainda tem boas participações de Fabiana Karla e Marcus Majella.
O roteiro de Fil Braz (Minha Mãe é uma Peça - o filme, 2012) não é nada inovador, mas sabe aproveitar bem os clichês do gênero e tem mais pontos de virada do que o padrão de três atos.
É um filme leve, agradável, onde o diretor estreante Pedro Antonio consegue tirar algumas risadas e deve agradar aos fãs do gênero. Apesar dessas comédias serem muito criticadas, continuam sendo importantes para o cinema nacional, pois tem a grande virtude de levar o público para assistir nossos filmes e fazem a roda do cinema – sempre tão cara – girar, possibilitando o investimento em novas produções.