Outra carta de excelência Argentina
O cinema argentino é um dos melhores, se não o melhor da América-latina. Por isso cada filme que lança aqui no nosso país merece toda atenção, principalmente se o ator Ricardo Darín (Relatos Selvagens, 2014) - protagonista de O Segredo dos Seus Olhos (2009) - está envolvido, criando automaticamente uma possível indicação ao Oscar.
Anos 70, Argentina, ditadura militar. Kóblic (Ricardo Darín) é capitão das forças armadas responsável em coordenar as operações aéreas conhecidas como os "voos da morte". Cansado disso, abandona o seu posto para viver em uma cidadezinha no interior e acaba se envolvendo com uma mulher casada chamada Nancy (Inma Cuesta), aumentando assim a desconfiança da polícia local em relação a ele.
Desde o início, o filme já mostra o poder do cinema argentino, com um trabalho de arte e fotografia esplêndidos, criando o cenário perfeito para o filme. A direção de Sebastián Borensztein (Um Conto Chinês, 2011) se mostra sólida, seu roteiro poderia ser mais polido para se encaixar nas múltiplas facetas da trama, sabendo lidar com seus vários gêneros.
A história - apesar de ter clichês novelescos - se mantém interessante até o final. Mesmo assim, ainda existe aquele senso comum de que o filme está preso em uma fórmula romântica sobre um estranho numa cidadezinha, vindo de faroestes antigos, o que pode enfraquecer a narrativa.
A atuação convence, todo o elenco sabe exatamente como se perpetua nessa obra, não existe uma atuação exagerada ou algo parecido, o elenco se mostra muito sóbrio em todo filme. O ator Ricardo Darín convence como herói recluso, com o seu conflito moral, perdido em seus pensamentos solitários. O problema é o ritmo, que se mostra lento, deixando toda a experiência longa demais, prejudicando a produção.
Kóblic é outra prova de que o cinema dos nossos “hermanos” é ponta de linha. Mesmo não sendo o melhor, é sem dúvida um bom filme, que talvez sirva para mostrar ao cinema brasileiro que existem outros gêneros que podem ser misturados e talvez um dia tenhamos nosso próprio “Kóblic”.