top of page

INVASÃO DE PRIVACIDADE (I.T.)


A primeira impressão que fica ao assistir Invasão de Privacidade é a de que acabamos de testemunhar uma cópia tricotada de Garota Exemplar (David Fincher, 2014), Cabo do Medo (Martin Scorcese, 1991) e Violência Gratuita (Michael Haneke, 2007), ao situar a fórmula da família classe média recatada e do lar tendo suas estruturas balançadas pelo ataque sutil de um psicopata amigão "pau pra toda obra".


Dirigido por Jonh Moore (Max Payne, 2008), com roteiro de Daniel Kay e William Wisher Jr., o filme aposta na figura imponente do veterano Pierce Brosnan (Ensina-me o Amor, 2014) para contar a história de Mike Ryan, um homem de negócios até então bem sucedido no ramo da aviação, que vê sua vida virar ao avesso ao permitir que James Frechville (Ed Porter) - jovem consultor de informática - adentre a sua intimidade familiar, que abusa da ingenuidade da sua filha adolescente, Nancy (Stefanie Scott), para aplicar golpes de espionagem através dos dispositivos de segurança da casa do empresário.


É interessante notar, por um lado, como a evolução dos personagens soa natural da metade do filme pro final – ainda que use e abuse dos clichês do gênero – , e isso se dá muito mais em virtude da economia de planos e enquadramentos (nos sentimos parte da casa de Mike, muito bem fotografada por Ekkehart Pollack, que aborda a vastidão ampla dos espaços, contradizendo o conforto do lar high-tech com uma iluminação sempre à sombra, o que é certeiro para incutir na plateia a sensação de opressão e claustrofobia), que nos aproxima da intimidade daquela família.

Pecando por um desfecho um tanto artificial e apocalíptico, Invasão de Privacidade desperta boas sensações de terror e sofrimento ao longo dos 95 minutos de projeção, mas trai o espectador com atropelos narrativos que frustram as expectativas por uma “pira” mais aprofundada das personagens. Não tem como não sentir aquele gosto de pipoca requentada no final, apesar do susto passageiro.

bottom of page