Títulos à Francesa
Não é difícil dizer que quando o tema é amor, na hora visualizamos Paris. Quem não quer viver um romance na Torre Eiffel ou ter um encontro às margens do Louvre? O mesmo não pode se dizer dos franceses, afinal no que os outros sonham, eles vivem, e a vida nunca é igual à ficção.
O trabalho do filme é enganar o público, transformar duas horas de ficção em realidade, e Romance à Francesa consegue deixar essa linha um pouco nublada por não se tratar de uma comédia romântica comum, mas sim um estudo sobre relacionamentos.
O professor Clément (Emmanuel Mouret) conseguiu tudo que um dia desejou ao conquistar o coração da bela atriz Alicia (Virginie Efira). Porém, mesmo com o relacionamento indo às mil maravilhas, o professor "pulou a cerca" com a jovem Caprice (Anaïs Demoustier), uma moça cheia de vida, extrovertida, que imediatamente se apaixona por ele. Agora Clément tem que decidir quem vai escolher, entre Alicia e Caprice.
O título não faz jus ao filme, talvez por tentar soar mais charmoso. O marketing perde o ponto que o longa-metragem quer passar: que relacionamentos são complicados. Em seu mérito, a película consegue passar essa mensagem, usando todos os clichês no gênero e os subvertendo, tudo isso com um tempero bem francês.
Ver o gênero subverter os clichês para servir à mensagem do filme é sempre interessante, desde que a execução seja tão competente quanto o conteúdo. É aí que Romance à Francesa mostra seus defeitos, o seu ritmo escolhe desenvolver muito pouco seus personagens secundários, focando apenas no arco principal do Professor Clément - interpretado por Mouret, que também assina a direção - sendo que a história contada poderia abrir leques para outros encontros e desencontros.
O protagonista Clément é um dos problemas do filme. Não existe empatia além de ele ser o protagonista, tentam dar algum tipo de carisma ao início em que ele lê um livro com o filho, contudo parece distante. Claro que ele simboliza o bobão romântico, mas seu arco carece de desenvolvimento para criar uma empatia verdadeira, no final ele é apenas um azarado.
O resto do elenco se desenvolve bem, com destaque à personagem que dá o nome original ao longa: Caprice. As atrizes Anaïs Demoustier e Virginie Efira são ótimas, conseguindo levantar questões interessantes entorno do gênero.
Talvez de forma intencional, o roteiro não entrega todas as respostas. Exatamente como a vida, pessoas vem e vão. Por fim, apesar de conseguir entregar sua mensagem, não é um filme para se assistir a dois. Quem sabe em um dia chuvoso e sozinho, a mensagem tenha mais efeito.