
Maria - não esqueça que eu venho dos trópicos
Com direção de Francisco C. Martins e a narração da atriz Malu Mader, o longa explora - em ordem cronológica - a vida da escultora, desenhista e escritora Maria Martins (1894 – 1973).
Através de encenações de Lúcia Romano - como a artista - e vídeos particulares, artigos escritos para o Correio da Manhã, a entrevista concedida à escritora Clarice Lispector e de cartas trocadas com o artista plástico Marcel Duchamp (1887 - 1968) - seu principal amante -, além de depoimentos de familiares.
A vida amorosa de Maria, através de casamentos e separações, vai sendo apresentada. Seus estudos de escultura na Europa com o escultor Oscar Jespers (1887 - 1970), em Bruxelas, a aproximaram do surrealismo. Sua radicação nos EUA, onde ganhou notoriedade artística. Seu romance com Duchamp influenciou suas obras, cuja temática são os mitos e símbolos da natureza amazônica.
O documentário explora o anticonformismo feminino e a sexualidade na arte durante os anos 50, causando grande escândalo por seus traços sexuais e participando ativamente de três edições da Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Quem curte os temas, vai gostar do filme.
Caçando Fantasmas (Ghost Hunting)

Através de suas experiências pessoais como prisioneiro do centro de detenção israelense de Al-Moskobiya quando tinha 18 anos, o diretor, roteirista e produtor palestino Raed Andoni constrói um documentário totalmente baseado em encenações para mostrar o encarceramento e as torturas dos interrogatórios, intercalando com depoimentos pessoais dos atores, também experientes de vida na prisão e interpretes deles mesmos.
Através da onipresença da câmera, o documentário aparenta ser um making of de si próprio, tendo o primeiro ato ocupado por teste de casting e definição de papel. Ramzi Maqdisi, o único ator profissional e intérprete do ex-prisioneiro Mohammed Khattab - falecido antes da idealização do filme -, também é consultor de roteiro ao relatar todos os detalhes da prisão e principal guia do público pelo inferno palestino em Israel.
O set de filmagem foi um galpão em que foi montada a réplica de Al-Moskobiya, onde todos revezam papéis de guardas e prisioneiros. Ao chegar no segundo ato, vemos homens amarrados na cadeira com sacos na cabeça dias a fio, guardas batendo as cabeças dos prisioneiros contra a parede até ceder uma informação, e depois há uma cena de descontração entre atores com direito a piadas.
O documentário apresenta o teatro como forma de Andoni e o elenco poderem expulsar seus demônios interiores. Quem for assistir, verá um longa experimental e terapêutico como superação de traumas do passado.