O que os olhos não veem o coração não sente
Com abordagem atual que envolve tecnologia e show business, o diretor James Ponsoldt (Smashed: De volta à realidade, 2012) alia dois talentos de diferentes gerações nesse suspense que mistura surrealismo e realidade: O Círculo.
A trama se desenvolve em uma empresa de tecnologia - considerada a maior do mundo - chamada O Círculo, especializada em conectar redes sociais, bancárias e e-mails de modo universal sem prévio conhecimento dos usuários. A recém contratada Mae (Emma Watson) começa a questionar sua privacidade diante do local de trabalho e os limites envolvidos, quando a pedido de seu chefe Eamon (Tom Hanks) começa a utilizar um aplicativo de câmera que é o principal sistema de vigilância da empresa e a documentar sua vida em tempo real.
Assim como há um fascínio em se envolver num mundo onde as portas tecnológicas ampliam horizontes ao mesmo tempo o personagem de John Boyega (StarWars: Os últimos Jedi, 2017) revela que todo poder e conhecimento vem aliado a segredos, inveja, e sobretudo, perigo.
Como na maior parte das empresas de tecnologia, os limites éticos são postos de lado para enfatizar os avanços tecnológicos em virtude do retorno financeiro. É algo preocupante e muito praticado ao redor do mundo, a diferença é que ao se tratar de uma trama de suspense os assuntos abordados beiram ao surreal.
Emma defende muito bem a ingenuidade de seu personagem sonhador, que, assim que concretiza o famigerado sonho de carreira, não nota que ultrapassa diversos limites dos quais se expõe além do necessário.
Com a utopia de viver o auge tecnológico, Mae se arrisca cada vez mais confiando sua vida - e de seus familiares e amigos - ao perder o controle do que é ou não ético de se fazer nas redes sociais sem se dar conta de que somos dominados por toda a tecnologia sem mesmo notarmos.
A falta de privacidade nos dias atuais em diversos segmentos como empresas, escolas e vida pessoal trás à tona a vulnerabilidade. Privacidade e dilemas sociais são presentes durante todo o filme. O uso de drones, a formação de coachs que pipocam e a exposição em redes sociais e na internet são tratados como suspense e informação. Porém, é algo que nos dias atuais todos devem se policiar acerca de perigos, riscos e infortúnios gerados por notificações minuto a minuto com conhecidos, e indiretamente com desconhecidos.
Contudo, o filme apresenta um mundo real e cotidiano no qual leva ao espectador super conectado a pensar até onde a ambição pode ultrapassar a ética e não interferir na moral.