A estagnação de uma arte e de uma recepção
Transformers: O Último Cavaleiro é o quinto filme da franquia dirigida por Michael Bay (13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi, 2016), ao lidar com robôs alienígenas que se encontram em uma batalha entre dois lados e no meio disso a Terra prestes a ser destruída. E a discussão que essa obra propõe é: o cinema realmente morreu?
O diretor possui em sua filmografia A Rocha (1996), Armageddon (1998) e Pearl Harbor (2001), realizações que na época de seus lançamentos tiveram boa recepção e trazem cada uma em sua estética uma história interessante na qual o espectador consegue se relacionar com a premissa proposta. Com Transformers, a comodidade parece ser a questão, sem a preocupação em instaurar um mínimo diálogo artístico. Cada filme é a repetição do primeiro.
Os Transformers precisam se manter escondidos devido a uma guerra na qual os humanos estão com a espécie e Cade Yeager (Mark Wahlberg) é perseguido pelo governo por ser um de seus protetores ao liderar um núcleo de resistência situado em um ferro-velho. Ele conhece Izabella (Isabela Moner), uma garota de 15 anos e sem parentes vivos que luta para proteger um pequeno robô defeituoso. Enquanto isso, Optimus Prime viaja pelo universo rumo a Cybertron, seu planeta-natal, para entender o porquê dele ter sido destruído e uma maneira de reconstruí-lo. Na Terra, Megatron se prepara para um novo retorno disposto a tornar os Decepticons os novos soberanos do planeta.
O grande problema desses filmes está na construção dramatúrgica: enquanto se mergulha nos efeitos digitais e possibilidades para se criar um universo, o mesmo não se sustenta pela fraqueza do enredo proposto. Escolhas sempre óbvias e caminhos fáceis. A imersão fica mais pela forma, em doses repetitivas do que a organicidade em relação com seu conteúdo. Explora-se tanto as cenas de ação e a potência dos robôs, que a mesma megalomania tenta-se em acontecimentos e reviravoltas, o que torna o roteiro uma sucessão de circunstâncias e intenções de personagens rasas.
Claro que - em certos momentos - há algumas boas sacadas e planos interessantes, mas se perdem no todo de uma avalanche de informação. A complexidade das personagens é superficial, os atores não se aprofundam, instaura-se o pensamento de que poderia ser qualquer ator naquele papel.
Parece faltar coragem aos produtores, realizadores e estúdios hollywoodianos sair da lógica puramente mercadológica para a concretização de filmes que unam grandes efeitos e uma boa história a ser contada, que a potência visual seja do mesmo nível que a textual. Nos últimos anos quando tentam algo ficam no meio termo. Mas também falta ao público a elaboração de um pensamento mais crítico sobre o que veem na tela do cinema. Enquanto não se leva nada a sério, para que o próprio entretenimento seja uma experiência rica, as grandes bilheterias de determinados filmes reafirmam a estagnação de uma arte e de uma recepção.