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A MENINA ÍNDIGO


Filme com ares de institucional do Criança Esperança

Os filmes espíritas - por mais que tenham qualidade questionável - sempre garantem boas bilheterias. Mesmo assim, muitos realizadores procuram formas de ampliarem o alcance de seus filmes. Para isso, tentam não mencionar diretamente a religião ou seus conceitos, mas erram em não desenvolverem melhor suas histórias e narrativas, que é o que realmente leva pessoas aos cinemas.


Em A Menina de Índigo, Sofia (Letícia Braga) é filha de Ricardo (Murilo Rosa) e Luciana (Fernanda Machado), que são separados e vivem às discussões. A menina tem problemas de comportamento escolar e rapidamente recebe recomendação de tomar remédios tarja preta. Porém, ela tem um talento espantoso para a pintura e o poder de curar as pessoas apenas pela imposição das mãos. Ricardo é filho de Paulo Gregório (Paulo Figueiredo) - um empresário envolvido com um escândalo de corrupção - e vive a indecisão de protegê-lo ou colocar sua ética jornalística em primeiro lugar.


Escrito e dirigido por Wagner de Assis (Nosso Lar, 2010), o filme é uma sucessão de erros. Desde o roteiro superficial, que não sabe desenvolver a descoberta dos dons da menina até ser identificada como uma criança Índigo - crianças especiais, que vieram para contribuir com a evolução do planeta - e por isso coloca subtramas de forma superficial, como o trabalho jornalístico de Ricardo, o caráter corrupto de seu pai, a relação da filha com as colegas de escola, ou mesmo o trabalho de Luciana.

Além de raso, o roteiro é maniqueísta e com personagens estereotipados, cuja direção corrobora os erros de roteiro. Os diálogos são sofríveis, com a menina falando como se fosse adulta e citando até a música O Sal da Terra (de Beto Guedes e Ronaldo Bastos). Cheio de frases de efeito dignas de almanaque, o filme tenta substituir a falta de dramaticidade enchendo-o de música, como se estivéssemos assistindo e esquecido o rádio ligado. É desesperador.


Diante de tantos erros, o elenco tenta fazer sua parte de forma digna. Apesar do talento, Murilo Rosa, Fernanda Machado e Paulo Figueiredo não teriam como salvar um filme com tantos problemas. O elenco tem ainda Xuxa Lopes, Nizzo Neto - que atua como se estivesse num antigo quadro do programa Zorra Total - e Eriberto Leão, mais canastrão do que sempre.


Com cara de institucional do Criança Esperança, A Menina de Índigo é um desastre que, ao tentar atingir a todos, não consegue atingir ninguém.


 
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