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PELÉ - O nascimento de uma lenda (Pelé - the birth of a legend)


Como uma partida ruim que termina com um belo gol

Apesar de alguns fatos pessoais que o desabonem, não há quem renegue o talento de Pelé como o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Meu avô - que se dizia "pelezista" - afirmava categoricamente que nunca haverá um atleta como ele.


Os únicos a questionarem isso são nossos hermanos argentinos, que - não se sabe se realmente acreditam - dizem que Maradona é melhor que Pelé. Tanto é que foram feitos vários filmes sobre o chamado Atleta do Século: O Preço da Vitória (Oswaldo Sampaio, 1958), O Rei Pelé (Carlos Hugo Christensen, 1962), Isto é Pelé (Eduardo Scorel e Luís Carlos Barreto, 1974) e Pelé Eterno (Anibal Massaini, 2004).


Em Pelé - O nascimento de uma lenda fica claro o teor comercial da produção. Primeiro pelo fato de ser todo falado em inglês, o que para nós, brasileiros é quase insuportável ver meninos de rua daqui falando a língua britânica fluentemente. Além disso, por utilizar de elementos que o turista rapidamente relaciona com o Brasil, como Carnaval, samba e capoeira.

Como sugere o título, o filme - escrito e dirigido por Michael Zimbalist e Jeff Zimbalist - mostra a ascensão do menino pobre até ser campeão da Copa do Mundo de 1958. Histórias baseadas em fatos reais sempre recebem pitadas de ficção para ganharem maior dramatização. Aqui o problema é que se criou toda uma história sem fundamento. Por exemplo: ainda na infância, o futuro atleta fica comovido com a tristeza de seu pai - Dondinho (Seu Jorge) - pela perda da Copa de 1950 e lhe promete um título mundial, algo nitidamente fictício. Para reforçar a visão caricata que o exterior tem do Brasil, é contada uma história de que os escravos brasileiros inventaram a capoeira como forma de defesa e essa "ginga" acabou se incorporando ao DNA do brasileiro, e por isso teríamos um futebol diferenciado e seríamos os "melhores do mundo".


É difícil - para nós brasileiros - conseguirmos entrar numa história contada de forma tão caricata e superficial, ainda mais se considerarmos que o verdadeiro Pelé é produtor executivo do filme. No Brasil as cópias deverão ser exibidas dubladas em quase todas as salas.

Por outro lado, tem uma virtude que muitos filmes melhores não tem: emoção. O casal que interpreta os pais de Pelé - interpretados por Seu Jorge e Mariana Nunes - consegue comover com olhares arrebatadores, mesmo tendo como suporte um roteiro frágil e nitidamente com a visão de quem é de fora.


Com erros e acertos, o filme merece ser visto, mesmo que apenas para glorificar o maior atleta de todos os tempos e prestigiar alguns - grandes - atores brasileiros.

 
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