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FALA SÉRIO, MÃE"


Ingrid Guimarães cada vez melhor!

Desde o blockbuster De Pernas pro Ar (Roberto Santucci, 2010) que a atriz Ingrid Guimarães (Entre Idas e Vindas, 2016) tornou-se a campeã de bilheteria no cinema nacional, com mais de 18 milhões de ingressos vendidos. Além de excelente atriz, se consagra como uma grande roteirista com o filme Fala Sério, Mãe!.


Na coletiva de imprensa acontecida em São Paulo, comentou que havia sido convidada para interpretar novamente o papel de uma mulher solteirona, mas respondeu que gostaria de fazer algo que agradasse mães e filhos. O diretor Pedro Vasconcelos (Dona Flor e Seus Dois Maridos, 2017) afirma que ela é uma das maiores autoras do país, já que conheceu seu trabalho na peça Confissões de Adolescente e diz que ela escreveu os melhores esquetes do espetáculo.


Com o desenvolvimento do cinema nacional, cada vez mais surgem filmes de segmento claro, e para contar uma história sobre mãe e filha, nada melhor do que adaptar uma literatura de enorme sucesso para os adolescentes. Foi assim que surgiu a ideia de utilizar o livro homônimo de Thalita Rebouças como base para o filme. Dessa forma, Dostoiewski Champagnatte fez um primeiro tratamento junto com o diretor, e ganhou reescrita de Ingrid Guimarães, que acreditava ser importante participar do roteiro, que, apesar de tratar de uma história de mãe se filha, estava sendo escrito por dois homens.


Ela acrescentou cenas baseadas na sua experiência de vida, sempre sob aprovação da autora Thalita Rebouças, chegando ao ponto de não saber quais criou e quais já estavam no livro. Ingrid - que já vinha fazendo participações em roteiros e foi colaboradora no filme Um Namorado para Minha Mulher (Júlia Rezende, 2014) - sabiamente convidou o roteirista Paulo Cursino (Até que a Sorte nos Separe, 2012), campeão de bilheteria do nosso cinema e a fez um chamariz de ingressos com o filme De Pernas pro Ar (2010) - para coescrever e estruturar o filme.


Fala Sério, Mãe! conta a história de Ângela Cristina (Ingrid Guimarães), que se casa com Armando (Marcelo Laham) e tem três filhos. Mas é com Malú (interpretada por Vitória Magalhães, Duda Batista e Larissa Manoela), a filha mais velha, que aborda as questões do atrito entre mãe e filha na adolescência. Com Malú, Ângela passa por situações como bullying infantil, a mãe que quer obrigar a filha a estudar balé, o primeiro namorado, a primeira transa, a separação, etc.

Cursino comenta que sentiu que faltava um foco na história, pelo fato de ter sido escrito por várias pessoas. Com isso, definiu a trama central entre mãe e filha, percebeu que não era necessário desenvolver os personagens dos outros filhos e nem o que teria levado à separação do casal. Talvez estes temas tenham sido guardados para sequências baseadas em outros livros de sucesso da autora como Fala Sério, Pai!, Fala Sério, Irmão! e Fala Sério, Professora!.


Diferentemente de outros roteiristas que se acomodam com o sucesso, Cursino sempre se mostra ousado, e aqui não exitou em deixar para que Larissa Manoela - um ícone adolescente e responsável por boa parte da bilheteria que o filme alcançar - entrasse apenas com 50 minutos de filme. Além disso, encontrou uma forma delicada de tocar no assunto da perda da virgindade para que as crianças - grande público do filme - pudessem assistir.

Ainda bem que o nosso cinema está evoluindo a ponto de os produtores não censurarem esse tipo de proposta. Algo semelhante aconteceu no filme Bingo (Daniel Rezende, 2017), onde os produtores Caio e Fabiano Gullane ousaram fazer um filme sobre um palhaço que, em vez de ter classificação livre e poder levar toda a família, pudesse apresentar cenas de nudez, sexo e uso de drogas.


A trilha-sonora traz sucessos de Rita Lee (Lança Perfume), Skank (Vou Deixar) e Fábio Jr. (20 e Poucos Anos), todos conhecidos por quem tem mais de 40 anos. Ingrid conta que Larissa sugeriu músicas que agradariam à sua geração, a isso deve-se a inclusão de músicas como Trem-Bala (Ana Vilela) e Coisa Linda (Tiago Iorc). Também foi dela a ideia de fazer uma música original para que as crianças saíssem do cinema cantando o tema.

Fábio Jr faz uma pequena e divertida participação onde Ângela vai ao seu show, sobe ao palco e ganha seu famoso "selinho".


O diretor Pedro Vasconcelos apresenta uma direção segura, discreta, sem tentar aparecer mais do que a história. Com grande experiência em telenovelas, a cada filme mostra estar mais à vontade no cinema. Também mostrou generosidade - que só a segurança traz - em permitir, desde Ingrid assinar o roteiro, passando por Larissa colaborar com os diálogos usados por sua geração, até o ponto de permitir que ela sugerisse músicas para o filme.


O cinema nacional apresenta aqui mais um exemplo de que pode crescer ao ponto de ter claro seu público-alvo e fazê-lo muito bem. Voltado para a família, vai emocionar principalmente mães e filhas. Com menos de 80 minutos, vai direto ao ponto e vem a colaborar com que o público brasileiro vá às salas prestigiar o trabalho feito por nós e para nós.


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