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JOGADOR Nº1 (Ready Player One)


Um videogame na telona


O nome Steven Spielberg tornou-se uma verdadeira grife - seja entre críticos ou público - com sucessos cinematográficos absolutos como Tubarão (1975), Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), Os Caçadores da Arca Perdida (1981) e E.T. - O Extraterreste (1982), só pra citar seus primeiros clássicos. Depois disso viriam muitos outros, dos mais diversos gêneros e para os mais variados públicos. Aos 71 anos, e depois de uma cinematografia tão vasta, o que mais poderia motivá-lo a se enfiar num novo projeto? Talvez essa seja a resposta para a realização do filme Jogador Nº 1.


Baseado no romance homônimo de Ernest Cline, que assina o roteiro junto com Zak Penn (Os Vingadores, 2012), a história se passa no ano de 2045, onde a realidade é tão difícil que as pessoas passam a maior parte de suas vidas numa espécie de Rede Social com Realidade Virtual onde podem ser quem quiserem, com a aparência que quiserem. Dessa forma, o jovem Wade Watts (Tye Sheridan) procura fuga em OASIS, uma espécie de vida idealizada, que possibilita coisas que o mundo real não o faz.


Como não poderia deixar de ser, James Halliday (Mark Rylance) - o criador do OASIS - é uma celebridade naquela sociedade e com sua morte deixa um testamento gravado em que oferece toda a sua fortuna e o controle total do sistema ao primeiro que conseguir completar o jogo. Não é difícil deduzir que o jovem é quem irá atrás do feito e que também terá um interesse amoroso na pele de sua rival Art3mis (Olivia Cooke). O "vilão" da vez é Sorrento (Ben Mendelsohn), dono da empresa IOI (Innovative Online Industries), que tem um séquito de funcionários/escravos trabalhando incessantemente para realizarem o feito e deixarem o patrão - que não por acaso usa um cabelo à la Superman - ainda mais rico.


O desfecho não foge do esperado, mas se o filme tiver algum mérito, este está na forma com que tudo é conduzido. O visual é estarrecedor, a forma com que apresenta as favelas como trailers empilhados é uma boa sacada, e faz referências ostensivas à década de 1980. Desde a trilha sonora, que abre o filme em grande estilo ao som de Jump - maior sucesso da banda Van Halen -, além de bandas como A-HA, Duran Duran e Rush. Também faz referência a diversos filmes da década, como De Volta para o Futuro (Robert Zemeckis, 1985) - e seu lendário carro DeLorean -, King Kong, Gremlins (Joe Dante, 1984) e especialmente O Iluminado (Stanley Kubrick, 1980). Neste último, há uma deliciosa sensação de entrarmos no hotel do filme, o que arranca gargalhadas das pessoas que conhecem a referência. Também há muitas referências às animações e personagens de videogame.


Talvez a maior referência - e menos citada - seja a do filme Os Goonies (Richard Donner, 1985) em que o diretor assina a produção. Isso porque o grupo principal é formado por aventureiros mirins tal como no filme citado, porém desta vez seguem o "politicamente correto" e preocupados coma representatividade, fazendo uma representação do branco, do negro, da mulher e do asiático, tal como exigem os novos xiitas.


O desfecho é previsível, há o momento emotivo - como normalmente acontece nesses filmes comerciais - e uma mensagem de alerta e esperança com a mesma profundidade de um público que não lê mais de 140 caracteres.


Apesar do visual deslumbrante, a sensação é de estarmos assistindo à introdução de um videogame e é quase impossível não nos perguntarmos se o que atraiu o lendário diretor foi a possibilidade ilimitada de contar o que quisesse ou apenas uma proposta de fazer um filme que pudesse ser transformado em videogame e lhe deixasse alguns milhares de dólares mais rico, uma vez que a indústria dos games é sabidamente mais lucrativa do que a do cinema.


Apresentado com opções IMAX e 3D, vale à pena a tela grande, para se aproveitar melhor do visual arrebatador, porém o 3D é algo completamente dispensável - apenas uma justificativa para se vender ingressos mais caros - e em certos momentos nem é perceptível.


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