Conflito intrafamiliar
O novo filme da diretora japonesa Naoko Ogigami (Glasses, 2007), que, após ter vivido nos EUA voltou para o Japão e então percebeu a invisibilidade da população LGBT, o que a levou a fazer este filme.
O drama foi escolha do Júri do Prêmio Teddy do Festival de Berlim 2017 e teve seu lançamento em 17 de maio, data que não por acaso, é o Dia Internacional Contra a Homofobia. O filme também recebeu o prêmio de melhor longa-metragem internacional no Festival Mix Brasil 2017.
Na história, Tomo (Rinka Kakihara) é uma menina de onze anos que após ser abandonada pela mãe é auxiliada pelo tio Makio (Kenta Kiritani). Este tem um relacionamento com a transexual Kinko (Tôma Ikuta), uma enfermeira de coração bondoso que acolhe a garota com muito amor, fazendo o papel que caberia à mãe. É convivendo com o casal que Tomo vai descobrindo o que é uma verdadeira família.
Assim, o filme não aborda simplesmente a temática da transexualidade, mas também quais habilidades são necessárias para exercer o papel materno, bem como o preconceito existente com a orientação sexual.
Aparecem várias mães com visões diferentes, não apenas sobre seus filhos mas também de seu papel enquanto genitoras e do que seria “cuidar” destes. Aparecem as limitações destas, dado que todo ser humano é incompleto. Assim não existe mãe cem por cento adequada, mas sim alguém que tenta fazer seu melhor dentro de suas limitações. O drama trata as questões de forma leve, sensível, delicada, beirando a poesia em alguns momentos, mas sem perder a profundidade das questões abordadas.
O filme leva o espectador a se questionar quanto aos papéis estabelecidos pela sociedade do que seja uma família, bem como os preconceitos e a revisão dos mesmos. Entre-Laços é um filme que vale à pena ser visto.