A separação de casais com filhos não precisa ser complicada ou traumática, como a que acontece no filme francês Custódia, de Xavier Legrand, um dos destaques da 41ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Muitas vezes, o convívio das crianças com as casas e, eventualmente, famílias de pais e mães separados, pode até enriquecer ou diversificar as experiências delas, se tudo se faz de forma pacífica e civilizada. Pode até persistir um vínculo afetivo bom entre os cônjuges que decidiram, cada um, levar a sua vida em outros termos.
Mas, quando a separação é litigiosa, resulta em brigas, violência e disputa judicial da guarda e do direito de conviver com os filhos, quem acaba suportando a maior e mais pesada carga são justamente as crianças. Para mostrar isso com clareza e intensidade dramática, Custódia coloca em foco o menino que vai a contragosto conviver com o pai, volta para a casa da mãe, fica no meio do conflito, passando recados de um a outro, que não querem se ver. E por aí vai.
A narrativa é firme, bem construída, o desempenho do garoto é espetacular, nos faz viver o que ele estaria experimentando. A questão de gênero é bem mostrada.
A solução dramática final parece inevitável, embora esteja aqui carregada nas tintas. Mas a sequência é muito boa, extremamente tensa, com um clímax emocionante. O diretor demonstra um talento incrível já no seu primeiro longa-metragem.