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VOX LUX - O PREÇO DA FAMA (Vox Lux)


Vendendo a alma


Interessante filme (ou "experimento") dirigido pelo jovem ator e diretor, Brady Corbet.


A trama envolvendo uma típica adolescente norte-americana que, meio que casualmente, torna-se uma popstar, flui bem, apesar dos muitos cacoetes característicos do cinema Indie: montagem acelerada (timelapse) e fragmentada, em diversas sequências, voice over que percorre quase todo o filme, créditos subindo de trás pra frente, além, é claro, de todo aquele flerte (saboroso, aliás) com diversos aspectos típicos da cultura pop norte-americana: culto às celebridades, superficialidade extrema disfarçada de engajamento político e social, etc.


Me arrisco a dizer, porém, que Natalie Portman (Jackie, 2016) - a quem admiro muito - erra no tom ao compor a versão adulta da diva Celeste. Acho mesmo um tanto over o tom sempre afetado que ela utilizou ao longo de toda a composição de sua personagem em fase madura.

Por outro lado, não tenho dúvidas de que a jovem e extremamente talentosa, Raffey Cassidy (Aliados, 2017) que encarna a fase adolescente da diva Celeste - e depois retorna representando a filha da própria personagem -, simplesmente engole a veterana Natalie, em termos de atuação e composição de personagem.


O também agora veterano, Jude Law (O Mestre dos Gênios, 2016) - talvez graças aos benefícios trazidos pela maturidade que o livraram da velha pecha de galã - está ótimo na pele do inescrupuloso manager (agente) da protagonista, dando mesmo um show em termos de atuação e composição de personagem.


Enfim, voltando ao filme propriamente dito, seu humor inteligente e ácido - na medida certa - funciona muito bem, ao longo de praticamente toda a narrativa, compensando - com folga - os já citados cacoetes que não nos deixarão esquecer que estamos assistindo a um típico filme Indie norte-americano.


Aliás, talvez pelo fato de a tal voice over que percorre quase todo o filme, ter sido executada pelo grande Willem Dafoe (No Portal da Eternidade, 2018), senti um certo clima daquele humor tão peculiar presente nos filmes de Lars von Trier, sobretudo em Dogville (2003).


Em se tratando de um filme independente de baixo orçamento, ou seja, no qual costuma se permitir determinados níveis de experimentalismo, não creio que seja totalmente "viagem" de minha parte enxergar tal tipo de referência, não é mesmo?




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