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A MENINA E O LEÃO (Mia et le Lion Blanc)


Denúncia à caça esportiva

Dirigido pelo diretor estreante Gilles de Maistre e roteirizado por William Davies (Por Água Abaixo, 2006), A Menina e o Leão - co-produção entre Inglaterra, França e África do Sul - segue a velha fórmula da amizade incondicional entre humanos e animais, como Cavalo de Guerra (Steven Spielberg, 2011), Marley & Eu (David Frankel, 2008) e Beethoven (Brian Levant, 1992).


Com um visual agradável das cores douradas da paisagem africana, o longa conta a história de Mia (Daniah De Villiers), uma garota de dez anos que não consegue se adaptar em sua nova casa em uma fazenda de leões na África do Sul. O pai John (Langley Kirkwood) tem moral duvidosa no que diz respeito ao tratamento dos animais enquanto a mãe Alice (Mélanie Laurent) é uma defensora deles, e que já presenciou situações terríveis no passado. Para compensar o desgosto da filha pela mudança forçada, John deixa que ela e o irmão Mick (o estreante Ryan Mac Lennan) tomem conta de Charlie, o pequeno filhote de leão branco que protagoniza o filme ao lado de Daniah. Quando Mia atinge a idade de 14 anos e Charlie se torna um magnífico leão adulto, ela descobre uma verdade dolorosa: seu pai decidiu vendê-lo para caçadores de troféus. Desesperada, Mia precisa tomar medidas drásticas para salvar a vida do animal.

Gilles contou com a ajuda de especialistas que ajudaram a desenvolver a relação entre os atores e o felino de maneira a diminuir os riscos inerentes de se trabalhar com animais selvagens. Ele é um cineasta de televisão, e por conta disso seu filme acaba por ter uma narrativa - principalmente no início - prejudicada pela sua montagem, que parece ter pressa para mostrar o leão já crescido, e com isso reduz a força no desenvolvimento dos problemas vividos pela família. Apesar de não possuir as melhores qualidades técnicas, A Menina e o Leão impressiona justamente pela simplicidade com que mostra a perspectiva e as vivências de uma jovem que se põe no lugar de um animal que não nasceu para viver enjaulado.


O roteiro admite que tentar manter contato com leões como se fossem animais domesticados é uma loucura pelo altíssimo risco de acidentes graves. No entanto, o forte vínculo emocional criado entre os protagonistas é apresentado como algo possível, e algumas situações colocadas para Mia são resultado de extrema irresponsabilidade.


Por trás da jornada de A Menina e o Leão existe uma forte denúncia contra as práticas de caça legalizadas, tradição que leva à morte de centenas de animais por ano e que ainda assim atrai turistas ao solo sul-africano. Aqui se questiona uma hipocrisia dos cuidadores de animais que apenas o fazem por fins financeiros, os quais são alcançados, muitas vezes, pela venda dos bichos à caça turística. O filme surpreende pelo grau de dificuldade que se assume ao trabalhar tanto com animais selvagens quanto com um elenco infantil.



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