Cinema francês até em cidades que não possuem salas
Na última quarta-feira (05/06), ocorreu aqui em São Paulo a coletiva de imprensa do 10º Festival Varilux de Cinema Francês, com a presença de alguns dos atores e diretores dos filmes.
Dentre eles, estavam a diretora Lisa Azuelos e a atriz Thais Alessandrin, representando o filme Meu Bebê (2019), o ator Swann Arlaud, representando o filme Graças a Deus (2018), o diretor Pierre Schoeller, representando seu filme A Revolução em Paris (2018) e Alexis Michalik, representando Cyrano Mon Amour (2019).
Todos demonstraram muita simpatia e bom humor, ao responderem as perguntas feitas pelos jornalistas e blogueiros ali presentes. Alexis Michalik, por exemplo, falou sobre as dificuldades que enfrentou pra conseguir colocar em prática seu projeto de levar às telas do cinema, uma adaptação da mais do que clássica peça Cyrano Du Bergerac (Edmond Rostand), justamente pelo fato de ouvir de praticamente todos os produtores que encontrou pelo caminho, durante a fase de gestação do projeto, que "essa história já estava batida demais, ninguém teria interessa em vê-la novamente, mesmo nas telas do cinema, justamente por toda a trama se passar dentro de um teatro", etc. Com isso, o diretor optou por fazer um espetáculo teatral, que, devido ao enorme sucesso, despertou interesse de produtores para a produção do filme, que agora teria o roteirista - e diretor da peça - como diretor.
Aliás, mesmo após finalmente conseguir um produtor experiente que se interessou pelo projeto, Michalik disse ter reaproveitado boa parte dos figurinos que já haviam sido utilizados na produção de A Revolução em Paris, filme do amigo Pierre Schoeller e, além disso, teve que transferir praticamente toda a base de produção de "Cyrano" para a República Tcheca, basicamente por uma questão de baratear custos.
O simpático ator Swann Arlaud, por sua vez, falou sobre sua experiência em viver um homem traumatizado por um evento trágico ocorrido em sua infância, no filme Graças a Deus de François Ozon. Segundo Arlaud, tal episódio - que veio a público somente em 2016 - é hoje fato extremamente conhecido e comentado em território francês e, por isso mesmo, o filme se torna tão urgente e relevante no sentido de trazer luz a esse episódio escabroso que envolve a prática, ao longo de décadas, de atos de abuso infantil cometidos por um padre católico e o posterior acobertamento deste fato por parte do alto escalão da Igreja Apostólica Romana.
Arlaud disse ter tido contato com o homem que, em sua infância, realmente passou por estes abusos e que ele elogiou bastante a fidelidade com o que os fatos foram retratados no filme.
O diretor Pierre Schoeller falou sobre seu orgulho ao conseguir realizar um retrato "real e ao mesmo tempo ficcionalizado", segundo o próprio, num filme que - embora trata-se de uma grande e cara produção com figurinos de época, etc - deverá apresentar um tom bastante intimista aos olhos de seus novos espectadores.
Por fim, a diretora Lisa Azuelos, acompanhada por sua bela filha, a atriz Thais Alessandrin, disse que seu filme Meu Bebê - embora mais modesto em termos de produção em relação aos demais - deverá tocar o espectador por abordar, de forma leve e ao mesmo tempo intimista, a tão falada "síndrome do ninho vazio", que ocorre no momento em que os filhos tornam-se independentes e, consequentemente, afastam-se do núcleo familiar inicial.
Foi extremamente prazeroso participar da coletiva de imprensa e ouvir os relatos e explicações a respeito de seus respectivos filmes por parte dos diretores ali presentes, sobretudo por conta da simpatia e aparente real prazer de estarem ali compartilhando tais experiências conosco, que todos eles demonstraram.
O 10º Festival Varilux de Cinema Francês acontece de 6 a 19 de junho. Veja a programação completa clicando AQUI.