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A ÚLTIMA LOUCURA DE CLAIRE DARLING (La Derniere Folie de Claire Darling)


Crepúsculo de uma Diva


Em A Última Loucura de Claire Darling vemos uma das musas supremas e eternas do cinema francês, Catherine Deneuve (A Bela da Tarde, 1967), vivendo uma mulher rica e idosa, aparentemente já afetada pelo Mal de Alzheimer, levando à loucura seus familiares e amigos, após simplesmente decidir vender, a preço de banana, velhas relíquias e também valiosos objetos de arte de sua coleção particular por acreditar piamente que irá falecer no dia seguinte à tal ato de "loucura".


Além do evidente carisma da protagonista, a primeira coisa que realmente salta aos olhos logo que começamos a acompanhar essa história é o primoroso trabalho de direção de arte, sobretudo de cenografia, presente na minuciosa escolha de cada um dos sensacionais objetos de cena, tais como relógios que são verdadeiras obras de arte e exemplo de uma excepcional tecnologia arcaica que fazem parte desse acervo particular da geniosa e divertida protagonista.


Embora inegavelmente talentosa, a diretora Julie Bertuccelli (Desde que Otar Partiu, 2003) pesa a mão na condução da trama, o que faz com que o filme - embora tenha apenas 1 hora e 34 minutos de duração - pareça bem mais longo, pois algumas sequências se prolongam além do necessário, tornando o filme pesado e até tedioso em alguns momentos.

Em termos narrativos o filme se sustenta, sobretudo em função do carisma de Deneuve e também o de Chiara Mastroianni (Canções de Amor, 2007), sua filha na vida real, pois o confronto de gerações e, claro, os velhos traumas ocultos na vida de uma família burguesa que são trazidos à tona nos momentos de maior tensão entre mãe e filha são o ponto alto dessa história.


Sem dúvida, ter a oportunidade de contar com atrizes desse porte em seu filme facilita em muito a vida de qualquer diretor. O que, vale mais uma vez lembrar, de forma alguma invalida o talento da diretora.


É também interessante a camada de realismo fantástico que permeia toda a trama e que, sobretudo quando nos deparamos com o desfecho apoteótico da história, somente esse tom de fantasia é mesmo capaz de tornar verossímil essa conclusão que, aliás, também se vale de efeitos especiais aparentemente bastante caros em termos de realização.


Enfim, A Última Loucura de Claire Darling tem mesmo um tom de filme crepuscular em relação à carreira de Catherine Deneuve, mas ainda assim trata-se de uma bela homenagem a essa diva suprema e inquestionável da história, não só do cinema francês, mas da sétima arte em geral.


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