Besson reciclando a si mesmo
Neste seu mais recente trabalho, Luc Besson (Subway, 1985) - o "mais norte-americano entre todos os cineastas franceses" - parece mesmo buscar recriar um de seus mais célebres filmes: Nikita - Criada Para Matar (1990).
Porém, o novo filme do diretor está mesmo muito longe do brilhantismo de "Nikita", que, sem sombra de dúvidas, inovou o gênero ação, tanto em termos narrativos quanto, sobretudo, estéticos.
Embora Anna - O Perigo Tem Nome conte com um excelente trabalho de direção, com sequências de ação de tirar o fôlego devido à ausência do fator inovação presente no clássico filme acima citado, acaba sendo apenas um bom trabalho, bem produzido e dirigido, mas do tipo que esquecemos logo após sair da sala de cinema.
A jovem protagonista Sasha Luss (Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, 2017) compensa a falta de uma atuação mais densa e apurada com charme e beleza indiscutíveis. Dá conta do recado, sobretudo nas eletrizantes cenas de ação, mas nada além disso...
Merece destaque a pequena, mas sempre marcante, presença da grande atriz britânica Helen Mirren (A Idade da Reflexão, 1969) vivendo uma funcionária do alto escalão da lendária KGB soviética, afinal, sim, estamos falando de um filme ambientado entre o final dos anos 80 e início dos 90, o que, aliás, só reforça ainda mais as evidentes semelhanças, tanto temática quanto estética com Nikita.
Ao reciclar sua própria obra-prima, Besson alcançou um resultado apenas satisfatório, mas bem distante de algumas obras-primas do gênero ação que dirigiu anteriormente, dentre as quais também poderíamos citar o já clássico O Profissional (1994).
Anna - O Perigo Tem Nome tem entretenimento de primeira. Bem realizado, mas descartável...