Um amontoado de clichês
Toda a trama de Vai Que Cola 2, dirigido por César Rodrigues (Minha Mãe É Uma Peça 2, 2016), é conduzida por um humor que não pode nem ser chamado de popular, mas sim de "popularesco" no sentido pejorativo mesmo. Atuações caricatas apresentadas por boa parte do elenco também ajudam a comprometer o resultado.
Mas há exceções: o talentoso Marcus Majella (Chocante, 2017), por exemplo, garante imenso carisma ao personagem Ferdinando, fazendo, inclusive, com que quase toda a trama, mesmo num filme onde não há necessariamente protagonistas, gire em torno dele. Além disso, o já experiente Sílvio Guindane (De Passagem, 2003) está impagável, vivendo o malandro Lacraia.
Por outro lado, a bela Fiorella Mattheis (Tô Ryca, 2016), mal aproveitada na trama, aliás, não apresenta qualquer evolução como atriz em relação à já distante época em que era "estrela" de uma famigerada atração televisiva voltada ao público adolescente...
Apesar dos muitos clichês que permeiam "Vai que Cola 2", é preciso reconhecer que a qualidade técnica do trabalho de César Rodrigues como diretor, o distanciam bastante da estética característica da televisão, cuja série homônima gerou o filme. Decupagem elaborada e ritmo ágil, caracterizam Vai que Cola 2, dando personalidade, apesar do humor previsível e extremamente convencional.
O trabalho de direção de arte, sobretudo em termos de cenografia, realizado por Rafael Targat (Chacrinha - O Velho Guerreiro, 2018), também merece destaque, pois consegue dar muita personalidade ao universo do filme, ainda que para isso precise, digamos assim, "gourmetizar" um pouco o ambiente verdadeiramente característico das comunidades cariocas.
Em termos gerais, Vai que Cola 2 pode ser definido da seguinte forma: uma linda embalagem para um conteúdo bem decepcionante...