
Velha fórmula e alguns novos rostos
Com um estilo de humor claramente inspirado na velha fórmula instituída pelos saudosos Os Trapalhões - fato inclusive comprovado pelo próprio astro Tom Cavalcanti (Xuxa Abracadabra, 2003), durante a coletiva de imprensa pós exibição do filme -, Os Parças 2, sob a direção de Cris D'amato (Sai de Baixo - O Filme, 2019), aposta num humor de apelo extremamente popular, com piadas previsíveis e explorando absolutamente todos os clichês do gênero.

Se comparado ao primeiro filme (Os Parças, 2017), essa sequência mostra-se bem inferior em termos de eficiência e criatividade no estilo de humor utilizado. E isso provavelmente se deve muito ao fato de que o primeiro filme foi dirigido por alguém muito mais familiarizado com a linguagem cinematográfica propriamente dita e não à estética televisiva: Halder Gomes, autor também do famigerado e inesperado sucesso comercial Cine Holliudy (2013).
A verdade é que Os Parças 2, em determinadas sequências, é tão limitado em termos temáticos e narrativos que nem mesmo me foi possível avaliar corretamente a qualidade (ou não) do trabalho de direção ou mesmo das questões de arte (cenografia e figurinos), pois a overdose de piadas previsíveis e o tom caricato de boa parte das atuações, não permite nem que possamos prestar atenção a outras possíveis qualidades do filme.

O único ponto de respiro encontrado ao longo de trama é oferecido por alguns novos e talentosos rostos, tais como a divertida e carismática Bia, vivida pela jovem Letícia Fagnani (Califórnia, 2015), uma espécie de digital influencer que está sempre registrando com seu celular tudo que acontece ao redor pra postar em seu perfil no "Insta".

Além disso, o semi-celebridade Tirullipa realmente revela talento para o improviso em algumas das mais divertidas sequências do filme, tais como naquela espécie de "xaxado" improvisado que ele realiza ao tentar matar uma barata no quarto da hospedaria onde ele e os demais integrantes do quarteto acabam indo parar.
Há também a simpática figura do fenômeno do youtube Whindersson Nunes (Os Penetras 2, 2017), perfeito ao praticamente interpretar a si mesmo.
Entre erros e acertos de Os Parças 2, salvam-se ao menos alguns poucos momentos inspirados, sobretudo aqueles em que os auto-intitulados "novos Trapalhões" que protagonizam a trama não forçam a barra pra arrancarem o riso do espectador a qualquer custo.