Toda a história tem dois lados
O novo épico Barrabás, pode à primeira vista, ser encarado como algo bíblico e conveniente para o período natalino, mas totalmente diferenciado de outras produções do gênero, trata-se de um drama ecumênico para ser visto em qualquer época.
O longa apresenta a história de Jesus Cristo de Nazaré em sua crucificação. Independente do segmento religioso, a população conhece a história e sabe que Barrabás foi aquele que o povo judeu libertou em troca de condenar o Nazareno. Porém, do ponto de vista histórico, pouco se sabe acerca das diretrizes tomadas por Jerusalém no ano 33.
O drama é vivenciado e narrado através da visão e pensamentos de Barrabás interpretado por Pavel Kraynov (Krimea, 2017) desde o dia em que o governante Pilatus (Konstantin Samoukov) deixa a decisão acerca da justiça romana ao povo, esclarecido nos minutos iniciais. Contudo, enfoca os dias posteriores à crucificação com ênfase em pontos de vista políticos, culturais e regionais da época. A partir daí, há um confronto psíquico onde passa a narrar desde a crucificação, morte e ressurreição de Jesus, como também os fatores que sucederam aos demais envolvidos, tudo sob a visão e questionamentos do protagonista.
O roteiro assinado pelo diretor Evgeniy Emelin (On the shore of a dream, 2018) sustenta todos os pontos que a humanidade conhece, porém, é enriquecedor na narrativa de novas visões e pontos de vista de quem observa sem a premissa religiosa.
Em determinados momentos, o expectador pode ser tendencioso a pender para o outro lado, se questionar sobre os fatos e condutas. Vale ressaltar que, no drama, Judas e Pedro - personagens bíblicos de grande importância - ganham revelações sobre os erros cometidos, assim como Judith (Regina Khakimova) e outros personagens fictícios inseridos na narrativa.
É uma jornada em busca de respostas. Sobre quais perguntas devem ser feitas. Trata-se de mostrar à sociedade, no caso, expectadores, a premissa de que toda a história tem seus dois lados e com ele cada qual sua verdade.