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Maria e João – O Conto das Bruxas


Uma adaptação infantil pra "gente grande"


Faz parte de nossa cultura crescermos ouvindo fábulas infantis., e várias são as tentativas do cinema em se fazer versões atualizadas, com outros gêneros e para outros públicos. Chega aos cinemas a adaptação de João e Maria, aqui chamada Maria e João - O Conto das Bruxas, certamente uma das mais bem realizadas até hoje.


Escrita por Rob Hayes, Maria e João - O Conto das Bruxas tem esse nome não por acaso, coloca Maria como protagonista e vale-se do atual "empoderamento feminino", tão em moda atualmente, mas muitas vezes gera obras catastróficas. o roteiro tem entre suas virtudes o fato de não partir para o caminho óbvio, que seria o de fazer um "filme de sustos". Além disso, o fato de dar projeção à personagem feminina da dupla central foi uma excelente escolha, pois dá margem para que a jovem descubra seus poderes internos até então desconhecidos.


Na trama, Maria (Sophia Lillis) é uma jovem com cerca de 16 anos e seu irmão João (Sammy Leakey) com aproximadamente 10 anos. Expulsos de casa, são obrigados a ir pra mata em busca de alguma forma de sobrevivência. Após comerem cogumelos alucinógenos - o que já deixa aberta a possibilidade de que tudo que vorá a seguir não passa de alucinação -, os irmãos, já famintos, acabam chegando a uma casa estranha no meio da mata. Aparentemente abandonada, na mesa há um banquete irresistível e eles acabam indo conhecer a verdadeira toca da bruxa (Alice Krige).


O maior mérito do filme está na direção de fotografia de Galo Olivares (El Vigilante, 2016). Fria e dessaturada, traz a sensação de opressão dos personagens, utilizando-se muito bem das locações de mata seca, como se tivesse sido filmado em pleno inverno europeu. Outro ponto interessante é a trilha-sonora, toda minimalista e feita com muito sintetizador analógico, preenche os diversos espaços de silêncio dos atores, pois é um filme de poucos diálogos. De certa forma, lembra o clima sombrio e soturno de A Bruxa (Robert Eggers, 2016).


Lillis está muito bem, porém as brilhantes atuações de Krige e do estreante ofuscam um pouco o brilho da protagonista.


Como não poderia ser diferente, o bom roteiro, ótimas atuações, direção de fotografia e arte impecáveis revelam uma grande direção de Oz Perkins, o filho do lendário ator Anthony Perkins (Psicose, 1960).


Maria e João - O Conto das Bruxas é daqueles filmes que valem o ingresso e merece ser visto mesmo por quem não é exatamente aficcionado pelo gênero. Com tantas qualidades, provavelmente alguma delas irá cativar cada tipo de público.


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