Liberdade, libertinagem...
Filme do cineasta catalão Albert Serra (A Morte de Luis XIV, 2016), retorna à época da monarquia francesa de Luís XVI (1754 - 1793) pouco antes da revolução francesa. A obra foi exibida no Festival de Cannes, em 2016.
Em 1774, os nobres Madame de Dumeval (Theodora Marcadé), o Duque de Tesi (Marc Susini) e o Duque de Wand (Baptiste Pinteaux), partem para a Alemanha em busca de apoio do Duque de Walchen (Helmut Berger) em busca de apoio, por terem sido expulsos da corte devido ao comportamento libertino. Estes rejeitam os valores morais e a ideia de autoridade e desejam exportar para a Alemanha sua filosofia libertina.
Numa noite na floresta, essas pessoas reunidas dão se aos prazeres sexuais dos mais diversos tipos sem limites. A sexualidade desenfreada, selvagem, manifesta-se sem nenhum moralismo, o que destoa da sociedade francesa puritana. Ainda que estes nobres apresentem comportamentos burgueses em suas vestes e perucas, se distanciam das regras de etiqueta e da hierarquia. Há um rompimento com a sociedade da época. Cabe lembrar que no reinado de Luís XVI, deu-se a Revolução Francesa.
A história se passa numa única noite na floresta. O filme é escuro, lento e até cansativo. Pode-se inferir que o escuro e a floresta simbolizam aquilo que necessita ser escondido, selvagem, ou seja, a sexualidade humana em suas manifestações extremas. A França do século XVIII, católica, reprimia a sexualidade e o grupo de expulsos a representa em sua forma mais selvagem.
Considerando que a trama se desenvolve apenas 15 anos antes da Revolução Francesa, pode-se inferir ser um prelúdio do que viria após, não apenas a sexualidade selvagem, mas toda a violência que o país viveria.
A obra não é fácil de ser vista, podendo provocar repulsa em alguns espectadores. Definitivamente, não é um filme para todos.