Preservando e resgatando a cultura de um povo
Em Marambiré, documentário realizado com recursos obtidos via contemplação no edital do Programa Rumos do Itaú Cultural, em 2017, o diretor estreante André dos Santos - ele próprio também um quilombola - retrata uma tradicionalíssima manifestação cultural afro-brasileira que reúne dança, música e canto, fazendo referência aos antigos reinados da África Central, conhecida como Marambiré.
Embora também se utilize da prática habitual de coletar depoimentos para a obtenção inicial de dados sobre tal manifestação cultural, o diretor acerta ao não limitar a produção de seu filme apenas a tais entrevistas, buscando, na verdade, muito mais ilustrar com imagens aquilo que é dito pelo mestres populares (quilombolas) do que apenas mostrá-los sentados em frente à câmera oferecendo seus depoimentos, erro comum normalmente cometido por diretores estreantes.
Os habitantes da comunidade quilombola de Pacoval, localizada no município de Alenquer (PA), talvez até pelo fato de estarem sendo filmados e entrevistados por um cineasta também quilombola (embora oriundo de outra comunidade), se mostram bastante à vontade ao nos apresentar esse belo ritual que resiste ao tempo, sendo passado de geração a geração.
Em tempos de neoconservadorismo político ditando as regras e, portanto, visando simplesmente apagar raízes históricas, não só no Brasil, mas em boa parte do mundo, mostra-se realmente ainda mais imprescindível assegurar a preservação deste autêntico patrimônio histórico e cultural em relação à cultura afro-brasileira, por meio do registro material (fílmico) que permite justamente que o "outro Brasil" das grandes cidades e centros urbanos tenha conhecimento acerca de uma uma realidade cultural e social que está ao mesmo tão perto e tão distante de nosso cotidiano padrão.
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