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A VIÚVA DAS SOMBRAS (The Widow)




UMA BOA IDEIA DISPERDIÇADA


por Ricardo Corsetti



Filmes de terror com temas "baseados em fatos reais", são lugar comum no cinema norte-americano desde meados dos anos 90, no mínimo. Não por acaso, um típico cineasta norte-americano de talento mediano normalmente domina bem e com desenvoltura todas as artimanhas e clichês narrativos (às vezes, super bem-vindos) que caracterizam uma típica trama deste segmento.



Por outro lado, visto que o cinema russo não possui propriamente uma tradição no gênero horror, por mais evidente que seja o fato de que A Viúva das Sombras bebe claramente na fonte proporcionada pelo já ultra clássico terror adolescente norte-americano A Bruxa de Blair (Eduardo Sanchez e Daniel Myrick, 1999). Infelizmente, a recente produção russa não possui um terço da eficiência narrativa do clássico norte-americano no qual se inspirou.


O diretor estreante Ivan Minin erra bastante no desenvolvimento da trama ao não se preocupar em construir qualquer tipo de aprofundamento psicológico em relação aos personagens do filme. Minin parece apostar apenas na ideia do "sustos simplesmente pelos sustos", que caracterizam a trama extremamente rasa que aqui vemos.



Nem mesmo o fato de que A Viúva das Sombras baseia-se em fatos reais foi devidamente explorado, pois a densamente arborizada floresta localizada ao norte de São Petersburgo, onde ao longo de três décadas ocorrem misteriosos desaparecimentos de jovens cujos corpos posteriormente são encontrados quase sempre nus, se bem explorada enquanto cenário de horror e suspense poderia render algo muito melhor.



Apesar da duração "enxuta" do filme (apenas 86 minutos), lá pelo meio da trama os personagens parecem vagar a esmo, sem nem mesmo saberem mais como e por que ali estão, provando que a estética já batida da câmera na mão e sustos fáceis realmente não se sustenta por si só.


Válido enquanto tentativa de filme de gênero num país cuja cinematografia sempre foi caracterizada por filmes autorais e extremamente herméticos, no entanto, A Viúva das Sombras patina em meio a sua trama rasa e equivocadamente desenvolvida, demonstrando a falta de familiaridade que o novo cinema russo ainda demonstra em relação ao cinema de gênero. Melhor sorte na próxima tentativa, meu caro Ivan Minin.




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