A PERDA DA INOCÊNCIA
É simplesmente inevitável comparar o remake de A Convenção das Bruxas, recentemente realizado por Robert Zemeckis (De Volta para o Futuro, 1985), com a versão original de 1990, dirigida por Nicolas Roeg (O Homem que Caiu na Terra, 1976).
A versão de Zemeckis obviamente investe todas as suas fichas nos atuais recursos tecnológicos que permitem um autêntico deslumbre em termos de efeitos especiais, sobretudo nas cenas de transformação da toda poderosa líder universal das bruxas, por exemplo.
No entanto, ao contrário do que ocorre no clássico filme dirigido por Roeg no comecinho dos anos 90, que era uma autêntica metáfora sobre amizade e superação pessoal, a nova versão da mesma história, embora extremamente fiel à trama original, é marcada por uma evidente frieza, visto que o drama vivido pelo pequeno protagonista é claramente colocado em segundo plano em relação à necessidade de "deslumbrar" os novos expectadores por meio dos avançadíssimos efeitos especiais.
Observação: é bem verdade que Zemeckis, espertamente, tentou investir no discurso da inclusão racial, ao optar por um protagonista negro, no caso o pequeno Jahzir Bruno (Atlanta, 2020) , mas sem o impacto almejado, na minha modesta opinião.
Além disso, embora bela e talentosa, Anne Hathaway (O Diabo Veste Prada, 2006) não é capaz de igualar a genialidade com a qual Anjelica Huston (A Família Addams, 1991) incorporava este, que é um dos mais célebres personagens dos anos 90.
Em resumo, apesar de seus evidentes méritos em termos técnicos, a nova versão de A Convenção das Bruxas, na prática, é muito show e pouca emoção.
Comentários