ANIMAÇÃO FORA DO EIXO HOLLYWOODIANO
por Ricardo Corsetti
Ao alcançar a terceira maior bilheteria em seu país em 2019, a animação russa O Reino Gelado: Terra dos Espelhos, realmente comprova que é possível "furar" a hegemonia exercida nesse segmento pelos gigantes norte-americanos, como a Disney e a Pixar, por exemplo.
A talentosíssima dupla de diretores Alexey Tsitsilin (O Reino Gelado: Fogo e Gelo, 2014) e Robert Lance, estreante na direção, mas muito experiente como "storyboard artist", realizam um trabalho bastante próximo ao visto nos filmes de animação norte-americanos, aliás. Mas demonstram personalidade na condução deste competente pequeno filme.
Digo "pequeno", pois a duração enxuta (80 minutos) do filme colabora em muito para que a trama que, em si, não oferece grandes novidades, flua com leveza, sem cansar o espectador, sobretudo quando se pensa nos prováveis espectadores adultos que verão Terra dos Espelhos.
O típico mito do rei bonzinho que combate uma inimiga perversa pelo bem de seu povo, característico das fábulas infantis, não poderia aqui faltar. E, embora vise o bem comum, a atitude do rei no sentido de expulsar de seu reino todos os adeptos e praticantes de magia, confinando-os justamente na citada "Terra dos Espelhos", não deixa de apresentar um certo traço ditatorial, provavelmente não perceptível ao público infanto-juvenil do filme.
Mas como filme de entretenimento não é lugar para "cabecices" ou maiores aprofundamentos em termos políticos ou sociais, talvez a constatação acima descrita não passe de apenas uma mera impressão minha.
Em termos gerais, O Reino Gelado: Terra dos Espelhos cumpre bem sua tarefa de divertir o público infanto-juvenil e também mostra que existem produções com grande potencial comercial, além dos limites normalmente impostos pela terra do Tio Sam.
Festival de Cinema Russo
Período: 10 a 30/12.
Onde: Plataforma SPcine Play:
Gratuito.
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