UMA NOVA DIVA ALEMÃ
por Ricardo Corsetti
Filmes que retratam as inevitáveis mudanças nas relações familiares, causadas pela descoberta inesperada de um sério problema de saúde, estão longe de serem novidade ao longo da história do cinema internacional. Sendo assim, o que realmente faz a diferença quando alguém ainda se propõe a falar sobre tal situação é mesmo a habilidade narrativa dos diretores e roteiristas que decidem abraçar tal ideia no filme Minha Irmã.
A dupla de diretoras suíças estreantes Veronique Reymond e Stephanie Chuat se sai relativamente bem nessa difícil tarefa de ainda tentarem soar originais e relevantes num filme que gira em torno das mudanças no convívio familiar entre os irmãos Lisa (Nina Hoss) e Sven (Lars Eidenger), no momento em que o segundo descobre estar com câncer.
Mas é também verdade que boa parte do mérito de Minha Irmã ao abordar o tema deve-se ao inegável talento e carisma de Nina Hoss, a bela atriz alemã que tem se revelado como talvez a principal estrela do novo cinema europeu, desde que protagonizou o excelente Phoenix, de Christian Petzold, em 2015.
Ao descobrir que seu querido irmão Sven está com câncer, a personagem vivida por Hoss conduz, com muita sensibilidade e sutileza, a inevitavelmente trágica consciência de que seu melhor amigo (além dos laços familiares) pode partir a qualquer momento.
Há também uma clara referência ao mestre sueco Ingmar Bergman (Gritos e Sussurros, 1972) na forma intimista com que a dupla de diretoras suíças conduz sua trama, sempre privilegiando o registro das emoções e alterações sofridas no universo interior da dupla de protagonistas muito mais do que se preocupando em registrar histerismos desnecessários provocados pela gravidade da situação, como muito provavelmente uma produção norte-americana sobre o mesmo tema o faria, por exemplo.
Uma bela e talentosa estrela - Nina Hoss - associada à sensibilidade de uma jovem dupla de diretoras, eis os principais trunfos de Minha Irmã.
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