NASCIDA PARA SER CULT
por Ricardo Corsetti
Polly Jean Harvey, cantora de origem britânica mais conhecida como PJ, musa absoluta da geração anos 90. Lembro-me da época em que os clipes de algumas de suas mais belas e populares músicas: C'mon Billy (1994) e Dress (1992), passavam direto na já finada MTV Brasil.
Portanto, para mim, vê-la novamente no documentário PJ Harvey: Um Cão Chamado Dinheiro, dirigido pelo estreante na direção Seamus Murphy, é uma experiência prazerosa, sobretudo quando a vejo em ação, no palco. No entanto, as longas e previsíveis sequências em que a diva aparece "imersa em seu processo criativo" de um novo álbum, às vezes chega a cansar um pouco. Problema que seria facilmente resolvido com uma edição um pouco mais enxuta do material captado ao longo de suas andanças pelo mundo em busca de inspiração para o novo projeto.
Em comparação a um filme como O Livro da Vida (1998), do cineasta norte-americano Hal Hartley, por exemplo, onde PJ Harvey tem sua estreia como atriz propriamente dita, Um Cão Chamado Dinheiro peca bastante no quesito originalidade, se submetido a tal análise.
Por isso mesmo, Um Cão Chamado Dinheiro evidencia-se muito mais um filme para fãs (como é o meu caso) da musa indie. Acertando em cheio quando a registra fazendo o que ela sabe fazer de melhor: se apresentar sobre um palco, em performances sempre carregadas de energia e paixão.
Documentários musicais, sobretudo quando não se limitam a apenas registrar seus personagens (ou seja, os próprios artistas) em cima do palco necessitam de um personagem real que seja extremamente carismático para "segurar a onda" por si só. E felizmente, Polly Jean Harvey, ou PJ para os íntimos, tem carisma de sobra para encarar esta empreitada.
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