top of page

RHEINGOLD - O ROUBO DO SÉCULO (Rheingold)



A TURQUIA É AQUI


por Ricardo Corsetti


Pai: "Qual a sua primeira lembrança de infância?" Filha: "a Disneylândia". Pai: "Já a minha primeira lembrança de infância é a prisão". Contundente frase extraída de Rheingold - O Roubo do Século, o mais recente filme do já consagrado diretor e roteirista alemão de ascendência turca Fatih Akin.

Autor da obra-prima Contra a Parede (2004), filme vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim daquele ano, a propósito e também do quase tão bom quanto O Bar Luva Dourada (2019), Akin permanece fiel ao seu estilo caracterizado por uma violência estilizada, mas nunca gratuita, visto que seus protagonistas são, quase sempre, homens e mulheres sofridos, "brutalizados" pelas adversidades da vida, etc.


Mas, embora seja até possível ver algo de "tarantinesco" (menção a Quentin Tarantino - de Pulp Fiction, 1994) na violência explícita de boa parte de seus filmes, não se deve esperar, porém, um estilo narrativo clássico e muito menos um ritmo característico de filmes norte-americanos na filmografia de Akin. O estilo do diretor e roteirista alemão permanece único e muito pessoal. Ou seja, ele realmente possui aquilo que chamo de "assinatura de diretor". E isso é ótimo, claro.

Talvez a única ressalva a ser feita em relação a Rheingold, seja a duração um tanto excessiva: 2 horas e 18 minutos. Há alguns momentos (ou prolongamentos) um tanto desnecessários em determinadas cenas. Mas, ainda assim, a trama envolvendo a ascensão de um jovem curdo, abandonado pelo pai à própria sorte em companhia de sua jovem e dedicada mãe num país em guerra como futuro, digamos assim "rei do crime, mas com bom coração", é contada com muita competência e personalidade.


A trilha sonora, repleta de curiosas canções (aparentemente compostas exclusivamente para o filme), que se assemelham a uma espécie de "rap turco", são também um show à parte.


Talvez longe de ser um dos melhores trabalhos de Fatih Akin, Rheingold é, porém, bem superior a 80% do que o cinema mainstream norte-americano atual produz. Quanto a isso, não há dúvida.



Comments


bottom of page