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TODAS AS MULHERES DO MUNDO - série da Globoplay




por Jhuliano Castilho


O texto do cineasta e dramaturgo Domingos de Oliveira, falecido em março do ano passado, sempre tratou o amor com propriedade e liberdade. Em suas crônicas românticas e ao mesmo tempo revolucionárias, fosse no cinema, teatro ou televisão, ao longo de mais de cinco décadas de carreira como produtor, diretor, autor e ator, Domingos de Oliveira sempre nos brindou com seu talento e criatividade, agora recebendo uma merecida homenagem da TV Globo com a série Todas as Mulheres do Mundo, produção homônima e também baseada em um dos maiores clássicos da carreira de Domingos: o filme lançado em 1966 e protagonizado por Leila Diniz e Paulo José.


A ideia da série já existia há pelo menos uma década e nasceu do desejo do roteirista Jorge Furtado em atualizar os encontros e desencontros amorosos do longa, com direito a situações e personagens inéditas. Em 2018 coube à atriz Maria Ribeiro, amiga e pupila artística de Domingos, retomar a conexão entre ele e Furtado, para que o projeto saísse do papel. Com os direitos devidamente adquiridos pela emissora, o texto do projeto passou a contar com a colaboração de Janaína Fischer e a produção acabou sendo desenvolvida para a Globoplay como parte da estratégia de reforçar o catálogo de produções originais da plataforma de streaming da emissora.


Na trama, o arquiteto Paulo (Emílio Dantas) é um romântico inveterado. De paixão em paixão, acaba conhecendo Maria Alice (Sophie Charlotte) numa festa de Natal e se apaixonam. Vivem um amor breve e avassalador, mas logo caem no marasmo da relação, e já não sabem mais se seu amor é mesmo verdadeiro. Então, se separam. Ela vai viver em Berlim e ele continua no Rio de Janeiro, vivendo a cada dia uma nova paixão. Mas Maria Alice continua sendo seu verdadeiro e único amor, com quem ele continua a ter contato, mesmo à distância.


Sempre a seu lado estão o cético Cabral e a libertária Laura, vívidos respectivamente por Matheus Nachtergaele e Martha Nowill, a quem Paulo faz confidências sobre suas aventuras amorosas e busca consolo para as inevitáveis frustrações. Provavelmente nos anos 60 a figura de Paulo pudesse gerar um encantamento imediato por sua personalidade passional e poética em relação às mulheres, entretanto, aos olhos de hoje, o personagem defendido por Dantas de forma inspirada, soa machista, irresponsável e imaturo em relação aos próprios sentimentos.


Talvez até no sentido de minimizar essa visão de mundo anacrônica, Falcão optou até por algumas inversões nos diálogos entre Paulo e Maria Alice: no filme, o desejo de casar é dela, na série, é dele.


A série tem ótimo ritmo, mostrando várias paixões em 12 episódios marcados por trilhas-sonoras específicas para cada um deles, sempre com vozes femininas que ditam o ritmo de cada episódio. Com as vozes de Marisa Monte, Rita Lee, Elis Regina, Elza Soares e outras, funcionando como co-protagonistas.

A trilha é um personagem a mais na série, pois as letras das músicas são parte do texto que por sinal é lindo, poético, romântico e visceral. Cada cantora representa no ritmo de sua música e letra, a personalidade de cada uma das mulheres pelas quais Pedro se apaixona loucamente. Ele não faz o gênero "galinha", mas sim uma espécie de cafajeste romântico, que passa a ser o homem ideal que ama todas as mulheres, só que não!

Ele é um sujeito pobre, no fundo sem respeito por ninguém. O cara é um típico vilão de filme B, que quer dominar o mundo.

Pedro quer todas as mulheres, mas não quer que nenhuma seja feliz realmente.

A nova aposta da Globoplay é uma série romântica, poética e engraçada. Empolgante, daquelas séries que você começa a ver o primeiro episódio e não se contenta até ver subirem os créditos finais e chegar o triste momento de apagar as luzes e fechar as cortinas. Fica triste, pois 12 episódios parecem pouco e tão rápidos que você, mesmo sabendo ser a primeira e única temporada, volta para o menu querendo ver se por acaso há uma continuação.


A série fala de amor e sobre relações verdadeiras vividas por pessoas de verdade. Ou seja, aqui não tem o bem ou o mal, o certo ou o errado, ou mesmo um final feliz. O verdadeiro final aqui, são pessoas vivendo todas as paixões do mundo.


O elenco também conta com as participações de: Lília Cabral, Fernanda Torres, Fábio Assunção e Felipe Camargo.


Série gostosa de se ver.

 

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