Alto, mas nem tanto
Filmes de autoajuda sempre estiveram presentes nos cinemas e são quase uma garantia de bilheteria. E quando vem acompanhados da frase "Baseado em fatos reais" é aí que alavanca a venda de ingressos. O problema dessas histórias - com sabor de Sessão da Tarde - é que costumam ficar apenas ao nível do "bem feitinho". Filmes totalmente previsíveis feitos para agradar a família. E neste caso não é diferente.
Voando Alto conta a história de Eddie Edward (Taron Egerton), um garoto com sérios problemas físicos que sonha ser um atleta olímpico. Após várias tentativas até a idade adulta, acaba se encontrando no Salto sobre Esqui. Sua vocação e resiliência são tão fortes a ponto de superarem seus limites físicos e de talento, e o levam à disputa dos Jogos Olímpicos de 1988, através dos ensinamentos do técnico Bronson Peary (Hugh Jackman).
Quase completamente previsível - exceto por um detalhe do final - o filme tem como ponto forte as imagens dos saltos. É tudo muito real - no melhor estilo "cinema 180 graus" - e pode até causar vertigens nos mais sensíveis a altura.
A direção de Dexter Fletcher (Muppets 2, 2014 e Kick Ass, 2010) tem altos e baixos. É eficiente ao conduzir o filme de forma a agradar toda a família mas não ousa em absolutamente nada. Com relação ao elenco, consegue uma das melhores atuações da carreira de Hugh Jackman - no papel do ex-atleta fanfarrão e alcoólatra - mas falha ao apresentar um protagonista caricato. Mesmo tentando justificar a atuação apresentando imagens reais de Eddie Edwards ao final do filme, seus trejeitos esquisitos ficaram exagerados na tentativa de reprodução do ator. Além de incomodarem durante o filme todo, o que pode distrair a atenção do espectador. Exceto por esse fato, é interessante ver imagens reais para a melhor ilustração da história.
Assinado por Simon Kelton, o roteiro de Voando Alto acerta com a boa mescla de momentos divertidos com momentos dramáticos que conseguem escapar da cilada do melodrama (este, um mérito do diretor).
A trilha sonora de Matthew Margeson (Como sobreviver a um ataque Zumbi e Kingsman, ambos de 2015) é competente. Consegue explorar as emoções do filme sem exagero e acerta ao apresentar um tema que lembra em muito a banda Van Hallen. Minutos depois, a música Jump - maior sucesso da carreira da banda americana - entra num momento de clímax do filme. Apesar da óbvia escolha de uma canção cuja tradução é Salto, Matthew faz a opção certa.
Voando Alto é uma boa alternativa de divertimento para quem gosta de "filmes de autoajuda", aqueles que fazem com que o público saia do cinema se sentindo leve, mas não é recomendado para quem gosta de um cinema mais provocador, questionador.