
IMPOSSÍVEL AINDA SOAR CRIATIVO
por Ricardo Corsetti
É realmente uma missão impossível (para não perder o infame trocadilho) não sentir uma certa decepção em relação ao novo e, em tese, "último" episódio da famigerada franquia.
Sobretudo ao comparamos este fraco "episódio de encerramento", com o ótimo filme anterior: Missão Impossível - Acerto de Contas (2022), dividido em dois ótimos filmes, aliás.

Embora o experiente diretor e roteirista Christopher McQuarrie (Os Suspeitos, 1995) ainda seja também responsável pelo novo filme e, apesar de sua inegável competência técnica, o fato é que ele se mostra claramente incapaz de superar ou mesmo disfarçar a evidente previsibilidade do desfecho de praticamente todas cenas/sequências.
Há muita ação e tensão ao longo de todo o filme? Sim, mas é tudo realmente muito previsível. A cena envolvendo um certo comprimido de cianureto, por exemplo, logo no início da trama, chega mesmo a ser risível, por conta de seu mais do previsível desfecho.
Talvez a única coisa que salve Acerto Final de seu um fiasco quase que completo seja mesmo a evidente "química" presente entre o veterano Tom Cruise (De Olhos Bem Fechados, 1999) e sua parceira de cena, a bela e talentosa Hayley Atwell (Doutor Estranho No Multiverso da Loucura, 2022).
O epílogo - final - da trama, além de estendido à exaustão, graças ao seu tom absolutamente novelesco, decepciona e só comprova que a história realmente não tinha fôlego para segurar quase três horas de filme.

E para quem realmente acreditou na lorota de que este seria, de fato, o "último episódio da franquia", tolinhos... É evidente que isso não irá se confirmar. Tanto pelo fato de que Acerto Final, em seu desfecho, já deixa tudo engatilhado para, sim, uma nova sequência, como também porque, como diria Orson Wellles: "This is Hollywood". E, portanto, enquanto a ultra-famosa e bilionária franquia continuar sendo lucrativa, estejam certos, novos episódios virão. Obs: com ou sem Tom Cruise como protagonista.

por Ricardo Corsetti
Em 25/04 tivemos a noite de Abertura do Festival Imovision de Cinema Europeu, no Reserva Cultural, já tradicional cinema de São Paulo, localizado na Avenida Paulista, 900.
Convidados internacionais estiveram presentes ao evento, dentre eles, a jovem diretora francesa Audrey Diwan, apresentando seu mais recente filme Emmanuelle (2025) que, obviamente, se trata de uma nova versão (ao que tudo indica, "empoderada" e politicamente correta - do clássico filme de 1974, dirigido por Francis Lai).
Entretanto, quem realmente causou polêmica ao subir ao palco para apresentar seu novo filme A Luz (2025), foi o badalado diretor alemão Tom Tykwer (sim, o eterno diretor do clássico indie Corra, Lola, Corra!, de 1997) pois, após relatar sua passagem por Niterói (RJ) para participar da versão carioca do festival, relatou o roubo de seu celular, etc; concluindo tal relato com a sugestiva frase a respeito do Brasil: "It's a dangerous country" (Este é um país perigoso), gerando revolta por parte de alguns espectadores convidados ali presentes. Obs: e o mais tragicômico em tudo isso foi ver a tradutora contratada tentando "consertar", de alguma forma, a gafe cometida pelo diretor, complementando: "Mas, gente, ele está falando sobre o Rio de Janeiro e não sobre São Paulo (risos).
Mas, felizmente, nem só de gafes, viveu esta noite de abertura pois, em seguida, foi exibido o longa-metragem norueguês Dreams (2024), dirigido por Dag Johan Haugerud, no caso, eis o filme vencedor do Urso de Ouro na última edição do Festival de Berlim.
Filme sensível e delicado acerca da famigerada descoberta da sexualidade e, portanto, da "vida adulta", por parte de uma jovem estudante.
Drama interessante e bem conduzido, contando com boas atuações. Embora, em alguns momentos, desande um pouco - em termos de ritmo narrativo -, talvez por conta de algumas sequências um tanto desnecessárias.
Na minha modesta opinião, não vejo em Dreams, propriamente um filme digno de um prêmio de tamanho prestígio, apesar de suas inegáveis qualidades, dentre elas, o talento e beleza da jovem protagonista, vivida por Ella Overbye (Nossas Crianças, 2019) que, a propósito, me lembrou muito uma atriz francesa à qual eu adoro: Sandrine Bonnaire (Aos Nossos Amores, 1984).
IMPORTANTE: O Festival Imovision de Cinema Europeu encerra suas sessões presenciais em 30/04, mas os filmes inéditos que compuseram o festival estão agora disponíveis no streaming da distribuidora Imovision: www.reservaimovision.com.br

COLETIVA DE IMPRENSA DO 30ªº É TUDO VERDADE
por Ricardo Corsetti
No último sábado (15/03) foi realizada a coletiva de imprensa de apresentação da 30a. edição do Festival É Tudo Verdade, que aconteceu em São Paulo, no IMS (Instituto Moreira Salles).
O renomado e sempre prestigiado festival de documentários celebra seus 30 anos, recém completados, com uma mais do que merecia homenagem a um de seus principais precursores e incentivadores: o documentarista Vladimir Carvalho (1935-2024).
Ao longo de décadas de carreira e ativismo social em prol do cinema e da justiça social no Brasil, Vladimir Carvalho participou e realizou inúmeros filmes documentais, dentre eles o ultra-clássico Cabra Marcado Para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho, onde foi responsável pela assistência de direção.
Já como diretor, Vladimir Carvalho realizou, por exemplo, O País de São Saruê (1971) e Quilombo (1975).
A propósito, todos os filmes acimas citados, farão parte desta retrospectiva dedicada a esta figura essencial à história do Documentário no Brasil.
Além disso, no Panorama internacional teremos também uma retrospectiva composta por praticamente todos os filmes do diretor britânico - infelizmente, pouco conhecido no Brasil - Humphrey Jennings (1907-1950), talvez o mais importante documentarista britânico de todos os tempos.
E voltando a falar sobre Cinema Brasileiro, a 30ª edição do É Tudo Verdade não poderia, é claro, deixar de prestar uma igualmente imprescindível homenagem ao cineasta Tony Venturi (1955-2024), autor de Rita Cadillac - a lady do povo (2007), sobre a vida da ex Chacrete Rita Cadillac.
A 30ª do festival ocorre entre os dias 03 e 13 de Abril, simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, sempre com entrada gratuita.
Para maiores detalhes sobre a programação, horários e locais de exibição, consulte o site oficial do Festival: www.etudoverdade.com.br