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À MARGEM DE BUENOS AIRES



por Ricardo Corsetti




Na última terça-feira (21/10), à convite da distribuidora Vinny Filmes, vi, em primeira mão, a co-produção entre Brasil, Argentina e França, o longa-metragem O Prazer É Meu.


Filme dirigido pelo brasileiro Sacha Amaral (The Male Gaze: Boy Trouble, 2024) que, há vinte anos, reside na Argentina.


Filme bem dirigido e com bom elenco, encabeçado pelo ator argentino Max Suen (A Few Feet Away, 2024), que vive o simpático picareta "Antônio".


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Apesar do competente trabalho empreendido pelo jovem Sacha Amaral, inclusive no que se refere à direção de atores, o filme, porém, possui uma trama bastante frágil e previsível. E embora o ritmo narrativo seja bom e a duração "enxuta" (apenas 95 minutos), a frequente recorrência à "fragilidade emocional" do protagonista que, na prática, camufla um mau-caratismo congênito, chega a cansar um pouco em alguns momentos. E só não prejudica em demasiado o resultado final graças ao carisma e talento dos personagens coadjuvantes.


Em resumo, embora se trate um filme rodado na Argentina e com elenco 100% argentino, O Prazer É Meu carece muito de uma qualidade básica de um típico filme argentino: roteiro de qualidade.


Após a exibição do filme, todos os presentes foram convidados a participar de uma festa no bairro do Butantã, na sede da jovem produtora Quadrophenia, onde pudemos conhecer muita gente interessante e atuante na área audiovisual.


Noite bastante proveitosa, portanto.



Atualizado: 17 de out.

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PADRÃO COREANO COM INSPIRAÇÃO VINDA DO JAPÃO

 

por Antônio de Freitas

 

Ruídos (Noijeu, 2024) é mais uma produção de terror de uma das indústrias cinematográficas que mais crescem no mundo, a da Coréia do Sul. Após um maciço investimento em tecnologia, estúdios, educação e preparação de profissionais de todos os setores do cinema, a Coréia do Sul é hoje um dos concorrentes mais fortes de Hollywood. E, assim, uma verdadeira grife que virou sinônimo de criatividade e qualidade das produções.



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Nos últimos anos recebemos uma grande leva de filmes e séries com roteiros surpreendentes e com altíssima qualidade na produção que ganhou mais notoriedade com o espetacular desempenho do premiadíssimo Parasita (Gisaengchung, 2019). O fato é que existe o modelo Coreano de filmes e séries e isto acaba gerando uma norma para a produção de mais e mais produtos que acabam repetindo as mesmas ideias e maneirismos.


Mas o diretor e o roteirista deste filme, ambos estreantes, resolveram olhar para além do mar e se inspirar em outra indústria de cinema que ganhou uma notoriedade no campo dos filmes de terror na virada do Século XXI. O cinema japonês tomou o mundo de assalto com uma leva de filmes com uma proposta de histórias cheias de atmosfera, desenvolvimento lento, personagens com profundidade e exploração de temas variados que acabam levando à uma impactante sequência ou cena final.


No filme em questão temos a exploração do problema do crescimento da densidade populacional da Coréia do Sul que acabou levando à problemas sérios de habitação quando as pessoas de classe média e baixa passam a viver praticamente amontoadas. E, no caso, é com a sensibilidade da cultura em relação ao barulho temos uma situação de choque quando as pessoas passam a hostilizar umas as outras.


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Joo-young, uma moça que com deficiência auditiva descobre que sua irmã Joo-hee com a qual está brigada há anos está desaparecida. Procurando por pistas, ela vai ao apartamento da irmã onde também morava antes de cortarem as relações. O edifício onde se situa o apartamento é um espetáculo à parte com uma atmosfera pesadíssima de energia ruim e solidão, um monstro de concreto com dezenas de apartamentos por andar que forma uma imagem que nem precisa de explicações, sendo a materialização da proposta do filme de explorar a situação neurótica dos habitantes desse tipo de bairro. 



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Ali, em sua luta para encontrar a irmã, Joo-young vai topar com vizinhos sinistros e barulhos esquisitos que acontecem durante a noite que a levam a questionar se está perdendo a razão. O diretor conduz com maestria essa jornada sensorial onde cada estalar, ou ranger fora do lugar parece conter uma ameaça em um desenrolar de cenas que começam como parte de um filme de investigação e vai pouco a pouco se transformando em terror sobrenatural. Há poucos diálogos e muitas cenas com ação lenta em um ritmo enervante até um desfecho que surpreende e, apesar de pontas soltas e algumas incongruências, deixa várias perguntas que podem levar a várias interpretações sobre o que realmente acontece naquela verdadeira aberração da arquitetura que é o conjunto de apartamentos que se transforma em um verdadeiro personagem.


Ruídos não chega a ser um grande filme, mas souberam aqui juntar elementos das duas culturas já citadas e, apesar de vários tropeços, tem uma produção muito bem realizada e elementos suficientes para agradar aos fãs de filmes de terror. Principalmente a aqueles que admiram essa onda de filmes asiáticos que já influenciaram o ocidente contribuindo para o que chamam agora de “pós-terror”.



Atualizado: 17 de out.

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UMA BELA SURPRESA COM APENAS UM “PORÉM”

 

por Antonio de Freitas

 

Missão Pet (Falcon Express, 2025) é uma produção francesa que se aventura em um território onde, raramente, as grandes produções americanas encontram adversários capazes de serem competidores à altura de suas obras. É o no campo dos longas metragens de animação computadorizada - dominado por superproduções - que, na maior parte, são continuações ou “spinoffs” que repetem as mesmas fórmulas de roteiro, mas conseguem ganhar o público no quesito de espetáculo visual.



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Na falta de milhões de dólares para encher a tela, resta aos concorrentes apostar nas histórias mais criativas e fugir dos clichês de gênero para ter armas nessa guerra pelo público. E esta produção em questão oferece um visual lindamente produzido e ousa mergulhar em um famoso clichê dos filmes de ação de Hollywood: a aventura mirabolante em um espaço fechado ou meio de transporte com a possibilidade de um desastre como um avião, navio ou um trem, que é o caso do nosso filme.


Falcon é um Guaxinim que é uma espécie de “Robin Wood” de uma grande cidade e passa o dia dando pequenos golpes e surrupiando comida para dar para os seus amigos necessitados, os animais de rua. O natal está chegando e Falcon tem um plano de assaltar a cozinha de um Trem de passageiros que vai partir da estação ao lado de onde a comunidade de bichos mora. Tudo corre como planejado, ele consegue entrar no trem e, quando está se dirigindo para a cozinha, descobre que o trem partiu em alta velocidade sem ninguém no comando.

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A partir desse momento começa uma aventura que não deve nada aos blockbusters do gênero. Ação desenfreada, suspense, surpresas e reviravoltas na história. Entram em cenas os animais que estão encerrados em gaiolas colocadas em um vagão especial e a variedade de personalidades conduz a brigas e competições que só enriquecem a história que está repleta de referências de filmes de ação famosos. Falcon tem que lutar para parar o trem e lidar com os preconceitos dos PETS que o consideram um reles bandido.


É uma animação bonita visualmente com texturas e iluminação de primeira qualidade. Os personagens são bem desenhados nos dois sentidos: no campo do design com traços de humanos na medida e no campo do psicológico onde cada um tem sua peculiaridade. Formam uma horda divertida que se transforma em um espetáculo à parte. E há piadas e situações que podem agradar à adultos e crianças também. Uma obra surpreendente que, com certeza, tem todas as qualidades para se transformar em um grande sucesso.


Existe apenas um “porém” nesse filme. É uma produção francesa com artistas e técnicos franceses e apostaram em fazer a história se passando em uma espécie de universo genérico com fortes caraterísticas de Estados Unidos. Acho que a França teria uma quantidade imensa de imagens e detalhes de cultura que poderiam ser representadas nesse filme.



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Também escreve esquetes de humor para internet (algumas no programa que também produziu chamado Dedo Indicador) e contos ainda não publicados. Atualmente está filmando dois curtas de sua autoria.  

 

Formado pela FACHA/RJ em Jornalismo e Publicidade & Propaganda. Fez aulas particulares com Jorge Duran (roteirista de Pixote e Lucio Flávio - Passageiro da Agonia). Fez a Oficina de Roteiro da Rio Filme e inúmeros cursos de roteiro com profissionais da área.

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