Um arrebatamento visual
Sempre que se fala em cinema chinês, vem à mente uma produção luxuosa, com elenco enorme, milhares de figurantes, personagens que voam e lutas longas com muita ação. Em A Assassina a situação é outra. Nada de lutas coreografadas milimetricamente. Apesar de seguir o estilo wuxia - o mais tradicional da China - o diretor taiwanês Hou Hsiao-Hsien (A Viagem do Balão Vermelho, 2007 e Mestre das Marionetes, 1993) apresenta um filme lento, contemplativo, que evita os confrontos quando estes parecem inevitáveis.
Na trama, Yinniang (Shu Qi), é uma assassina profissional encarregada de matar um homem, mas não consegue por este estar com um bebê no colo. Em seguida é incumbida de matar o governador Tian Ji'an (Chang Chen) - homem por quem é apaixonada e deveria se casar desde a adolescência.
Em formato 4x3 - aquele usado quando as TVs eram mais quadradas - o filme começa em preto e branco, e após a primeira cena entra uma breve explicação do período abordado para então ganhar um colorido impressionante.
Com uma beleza arrebatadora - tanto pela fotografia quanto pela direção de arte e figurinos - tem belíssimos cenários, figurinos de época incríveis (o filme se passa no século VIII) e fotografia impecável, cada plano parece uma pintura. Esta tornou-se uma característica do diretor.
Não é um filme fácil de se compreender, tanto pelo rimo lento quanto pelos diálogos escassos. O roteiro não é muito claro quanto aos fatos, apenas oferece pistas da história deixando para que o espectador preencha mentalmente as lacunas. Isso é bastante complicado para nós ocidentais, uma vez que nomes e rostos são todos muito similares aos nossos olho e ouvidos, fazendo com que a compreensão torne-se ainda mais complicada.
De qualquer forma, é uma experiência visual tão incrível que merece ser vista, mesmo que não totalmente assimilada. Não é à toa que o diretor foi premiado por este trabalho no Festival de Cannes 2015.