Desnecessário, mas competente
Em Hollywood é lei: se fez sucesso, tem continuação. E isso funciona para todos os gêneros, menos comédia, já que todas as boas piadas ficam no longa original, transformando o segundo filme em uma imitação barata e sem graça. Por isso acho curioso quando uma comedia ganha uma continuação, e ver se finalmente esse paradigma é quebrado.
Depois dos acontecimentos do primeiro filme, Mac (Seth Rogen) e Kelly Radner (Rose Byrne) decidem mudar para uma nova casa, aproveitando que um novo bebê está a caminho. Contudo, uma nova fraternidade feita apenas de mulheres lideradas por Shelby (Chloë Grace Moretz) pode prejudicar a venda da casa antiga. Para não se endividar com duas casas, o casal tem apenas uma esperança: recrutar Teddy (Zac Efron) para a batalha contra a fraternidade.
Geralmente em continuações de comédia, a mesma formula é repetida acrescentando alguma coisa para deixar a trama mais apimentada. Vizinhos 2 não é a exceção à regra - aumentando tudo que foi bom no primeiro - mas a execução é bem-feita. A direção sabe que não vai ser melhor então se empenha em fazer algo de qualidade, tanto que a "química" entre os atores funciona tão bem quanto no filme anterior.
Os roteiristas Seth Rogen (É o Fim, 2013) e Evan Goldberg (O Besouro Verde, 2011) sabem como estruturar bem a situação, sem esquecer de passar uma história sobre amadurecimento, independente em que lugar da vida você se encontra. Tudo com muito humor ácido - marca registrada das comédias do diretor - o problema é que isso já é abordado no primeiro filme, daí a sensação de repetição que enfraquece o ritmo e revela o quanto é desnecessário.
Mesmo que a equipe de produção e a direção de Nicholas Stoller (Cinco Anos de Noivado, 2012) se esforce para entregar um bom filme, não consegue fugir da maldição do anterior. Zac Efron (Namoro ou Liberdade, 2014) faz uma interpretação bem acima da média. Dando um toque dramático e cômico, Vizinhos 2 aproveita para tocar em alguns assuntos relevantes para a sociedade, como a independência da mulher, tudo forrado de cenas engraçadas.
Todos os pontos positivos poderiam ser usados em outro filme - parecendo desperdício de um enredo inteligente e estruturado - não era o lugar de uma continuação e sim um filme original.
Apesar de bem estruturado, Vizinhos 2 não era para existir. Talvez se mudassem personagens de lugar, colocando-os em uma situação diferente do primeiro, funcionaria melhor. Apesar de fazer rir, nada justifica sua existência. Mesmo com um bom roteiro e atores talentosos, o filme sucumbe à sua própria fórmula, preso nesse círculo, nessa maldição de ser uma continuação.