
Contexto, sem identidade
Falar sobre relacionamentos é difícil, portanto, filmes sobre o assunto também são igualmente difíceis. Ainda mais em 2016, onde assuntos familiares estão espalhados em toda parte do mundo pelo simples fato de termos evoluído como sociedade. Por isso que Casamento de Verdade parecia uma tentativa interessante, mas apenas aparece.

A história começa numa reunião familiar onde o casal Eddie (Tom Wilkinson) e Rose (Linda Emond) descobre que sua primogênita Jenny (Katherine Heigl) é homossexual. Eles não reagem bem, principalmente após saberem que a filha ficou noiva recentemente, aumentando o estresse na família".
Katherine Heigl é uma atriz competente - não só ela como todo o elenco - por isso é estranho a atuação que todos apresentam na tela. Impossível negar que o roteiro está preso à estética conservadora, abordando um assunto totalmente contemporâneo nos EUA, sendo constrangedora a falta de cuidado dos envolvidos, usando clichês de comédias românticas, sem entender que o produto proposto em tela, não é uma comédia.

A inexperiência da diretora Mary Agnes Donoghue é sentida, a estrutura do filme é estereotipada, em todas as viradas da narrativa não alcança o potencial do drama proposto, as reações dos personagens não funcionam para uma audiência madura de 2016. A protagonista é uma personagem cheia de pretensão, tendo certeza de que está sempre correta, não gerando a conexão necessária para a química funcionar na trama.
A identidade do filme perdida - entre ser uma comédia e um drama - cenas cômicas não são engraçadas. Cenas tristes não passam tristeza, só constrangimento por todos os envolvidos com o filme.

O assunto já fora abordado muito bem em Carol (Todd Haynes, 2015), que se passava nos anos 50. Casamento de Verdade é um filme que devia retratar o presente, mas fica preso ao passado, o arco dos personagens coadjuvantes (mudança de comportamento) tem mais força do que o arco principal e nem é explorado ao seu máximo.
Casamento de Verdade falha em ser uma obra do seu tempo atacando estereótipos antigos. Onde os personagens de apoio ficam muito aquém dos acontecimentos, sem voz, perdidos em uma crise de identidade que não se firma. É justo dizer que ele não é complicado como os assuntos familiares que quer levantar. Na verdade ele bem simples, tanto que se pode defini-lo com uma frase, assim como ele faz com os seus personagens: É só um filme ruim.