A volta do Rei
Sou fã da franquia Bourne, me lembro de ter assistido o original em VHS, e venho acompanhando a carreira de Matt Damon (Perdido em Marte, 2015) e do diretor Paul Greengrass (Capitão Phillips, 2013). Sentia falta do agente secreto desmemoriado - pois em minha última experiência tinha ficado com um sabor amargo com quarto longa dessa série - isso teve fim porque finalmente consegui ver Jason Bourne.
Depois de ter todas as suas memórias de volta, Bourne (Matt Damon) luta com o seu passado, procurando um meio de não seguir o caminho da vingança deixado por ele há muito tempo, até que Nicky Parsons (Julia Stiles) - que estava sendo caçada pela cia após hackear a agencia - retorna com informações secretas do passado de Jason. Agora cabe a ele dar fim nessa caçada que começou quando perdeu sua identidade anos atrás.
O filme definiu um gênero no qual muitos tentaram imitar, nunca alcançando a excelência da trilogia original, nem mesmo quando os produtores recriaram a magia com a quarta etapa da franquia: O Legado Bourne (2012). Isso porque faltavam os elementos mais importantes para capturar o resultado certo - que era Paul Greengrass e Matt Damon - que fica óbvio vendo o novo filme.
O primeiro ato de Jason Bourne é frenético - com uma tensão inacreditável - pois está acontecendo um protesto e a ação acontece nesse cenário de caos. O mais interessante é o aspecto com que a câmera filma, sempre se mexendo, criando um estilo documental, que não funcionaria em teoria mas aqui faz todo o sentido e acentua a atmosfera realista do filme.
O elenco é extremamente sólido, Julia Stiles (O Lado Bom da Vida, 2012) reprisando seu papel de Nicky Parsons, tem muito mais relevância que nos filmes anteriores, sendo ela o centro dessa nova busca por respostas. Tommy Lee Jones (Homens de Preto 3, 2012) também apresenta uma atuação a ser destacada. Contudo o destaque maior fica para a nova vilã da série, Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa, 2015) a ganhadora do Oscar apresenta um personagem perturbadoramente realista, preocupada com os próprios objetivos dentro dessa guerra entre Bourne e a Cia, gerando um personagem mais cinza, interessante para o tema do filme, que discute sobre privacidade ou segurança.
O show fica por conta de Matt Damon, que não deixa dúvida nenhuma que nasceu para ser Jason Bourne, trazendo o peso de um personagem atormentado com suas lembranças. Ele traz toda essa carga emocional e física para o papel do agente secreto, é espetacular ver como um ator consegue abordar tantas camadas, em um personagem que muitos achariam raso.
Talvez a única coisa que não voltou com a melhor forma foi o roteiro, que apesar de abordar um tema atual como a espionagem social - onde toda a informação fica à distância de um clique, cabendo a nós o que fazer com ela - repete as viradas dos roteiros anteriores, seguindo uma formula já vista na trilogia e que dá uma pequena sensação de deja vu. Talvez fosse melhor retrabalhar o roteiro e procurar por novas soluções.
Mesmo tendo problemas, essa nova continuação mantém o nível da franquia, sendo tão emocionante quanto os anteriores e deixando um "gosto de quero mais", pois saí do cinema com um sorriso gigante - como fã - e ainda estou sorrindo. Voltarei ao cinema com o mesmo sorriso.