Heróis ou vilões?
Talvez poucos saibam que nos dias de hoje há uma relação conflitante entre Europa e África por conta de fatores históricos. O diretor Joachim Lafosse (Perder a Razão, 2012) coloca as questões delicadas baseado em fatos reais sem a ótica informativa de um documentário.
Uma ONG pretende resgatar mais de 300 crianças órfãs na África sem utilizar os trâmites legais - através de uma ação secreta - utilizando os muitos enfermeiros do grupo como desculpa de que irão vacinar as crianças locais.
Ironia e fragilidade cercam o título e as questões levantadas ao longo do filme. Os voluntários tem boas intenções em resgatá-los e oferecer uma nova vida, talvez com maiores oportunidades, inclusive de sobrevivência. Porém, tudo gira em torno de mentiras, manipulação e insegurança, afinal como validar as informações encontradas que garantam que essas crianças encontrem refúgio e segurança?
O diretor aborda de modo sutil a ética e as moralidades existentes em equipes de ONGs assim como o imperialismo político existente ao redor do continente Europeu. Os Cavaleiros Brancos não é um drama tolo, pelo contrário, conscientiza o espectador a olhar para os refugiados por outro viés.
As filmagens realizadas com uma câmera na mão dão veracidade às perseguições e transmite o medo constante de se viver em estado de sítio, porém não leva ao entusiasmo dos filmes de perseguição ou ação, como a maioria das tramas de guerra.
Os personagens - voluntários da ONG - como o líder Jacques Arnault (Vincent Lindon - de O Pequeno Príncipe, 2015) transmitem toda a dramaticidade necessária em conflitos éticos e debates questionáveis, porém a tensão se caracteriza por momentos de espera e ansiedade.
Exploração, moral, mentira e jogo de interesse são presentes a cada cena, levando os espectadores a ficar na dúvida se apoia ou não a atitude da ONG. Apesar dos discursos político, Os Cavaleiros Brancos não serve como base para discursos humanitários. A conclusão da obra é sobretudo impactante e coerente.