Usando sustos do passado, sem entender o presente
Em 1999, o primeiro A Bruxa de Blair se transformou em um fenômeno do terror, usando como marketing a ideia de que o material filmado fosse real, lotando os cinemas. Agora, esse fenômeno está ganhando uma nova continuação apoiado por fãs, que não sabiam da sua existência até o primeiro trailer.
15 anos depois do desaparecimento da sua irmã Heather (Heather Donahue) - protagonista do primeiro filme -, seu irmão James (James Allen McCune) consegue encontrar provas de que talvez ela esteja viva na floresta de Blair, e com seus amigos decide verificar se as lendas da bruxa são verdade ou apenas histórias para assustar turistas. Logo descobrem que o terror é bem real.
Há muito tempo se discute sobre uma continuação do A Bruxa de Blair, contudo isso já tinha sido tentado com o infame A Bruxa de Blair 2 - O Livro das Sombras (Joe Berlinger, 2000). Continuação direta do filme de 1999, não teve o objetivo atingido, enterrando a potencial franquia durante quinze anos, mas era uma questão de tempo até uma produção reavivar o terror de A Bruxa de Blair.
O diretor Adam Wingard (O Hóspede, 2014) assume a responsabilidade de trazer o filme para a nova geração. Não demora muito para a trama cair nos clichês. Vindo de quase uma década de filmes de terror, mostra o quanto a equipe não estava preparada para lidar com essa produção, presa em repetições idênticas ao filme original, com algumas mudanças nada muito significativas. O medo de inovar é gigante, o que acaba com o retorno da bruxa ao cinema.
A produção tenta recriar a atmosfera do filme original, tendo os protagonistas usando câmeras para filmar suas ações, contudo isso cai por terra ao percebe que a tecnologia tira um pouco do suspense existente no primeiro filme, onde os personagens usavam duas câmeras, sendo que uma delas era em preto e branco, o que ajudava a aumentar o medo do desconhecido. Isso é uma coisa que se perde na continuação. Não tendo mais o ar de amadorismo, às vezes o filme parece estar em um estúdio, prejudicando a atmosfera que a equipe tentou criar. Porém, quando a trama está totalmente desenvolvida começa a andar com as próprias pernas, tendo cenas muito assustadoras, mas na soma de tudo falha em repetir o sucesso feito em 1999.
Mesmo os envolvidos tentando ao máximo trazer de volta A Bruxa de Blair para uma nova audiência, erram em não entender o que transformou o longa-metragem em um fenômeno, tentando recriar para uma nova geração um filme, que apesar de ter bons sustos, não faz jus à mítica criada pelo o antecessor. Quem sabe se esse filme fizer sucesso podem ter uma continuação decente.