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A NONA VIDA DE LOUIS DRAX (The 9th Life Of Louis Drax)


Estranho e cativante

Adaptações de livros se tornaram um gênero à parte, tendo um grande lançamento atrás do outro. Mesmo assim, é possível contar na mão quantas adaptações fazem jus ao livro de que foram originadas. A Nona Vida de Louis Drax (2016) vem com a promessa de não ser mais um nesse mar de adaptações ruins.


Louis Drax (Aiden Longworth) é um garotinho muito inteligente, mas tem dificuldades em conseguir amigos. As pessoas o consideram diferente, pois vive cercado por acontecimentos estranhos. Ao fazer 9 anos, ele cai de um penhasco. Seu pai (Aaron Paul) logo se torna o suspeito de fazer tal atrocidade com o pobre do garoto. Em coma, fica aos cuidados do Dr. Allan Pascal (Jamie Dornan), que se sente mais e mais atraído por Natalie (Sarah Gadon), mãe do pequeno Drax.


A única informação que eu tinha é que era um filme de suspense. Esperei os velhos clichês de sempre, contudo foi apresentado algo fora do comum. No início achei estranha a estética infantil, do outro lado um tom mais sóbrio, até achei engraçado os elementos de humor negro espalhados no primeiro ato. Me espantei o quanto o filme me ganhava com sua escrita inteligente e original, vinda do livro de Liz Jensen. logo percebi que não era um suspense clássico, mas algo extremamente interessante.

Os três personagens principais da família Drax parecem ter saídos de livros feitos para crianças, enquanto o resto do mundo é cinza, focando o mundo adulto. O trabalho de arte é impecável, transitando da imaginação do pequeno Louis para o mundo real. Consegue captar a beleza sinistra envolta dessa adaptação, contudo o roteiro do estreante Max Minghella não surpreende. Em vez de ser tão afiado quanto o livro, opta em não entregar mistério. Uma abordagem mais profissional seria muito bem vinda para o roteiro.


Fiquei vidrado com a história que o filme contava, Aiden Longworth (Hector e a Procura da Felicidade, 2014) tem uma atuação formidável para sua idade, ele manifesta o lado ingênuo e sombrio da infância com um certo carisma. O narrador dessa história bizarra e tocante, Aaron Paul (Um Espião e Meio, 2016), mostra que não é ator de um personagem só. Fazendo o pai de Drax, sua atuação é um contraponto importante para a enredo funcionar e manter atenção do público. Todo o elenco tem seu mérito, existe um cuidado absurdo em dar vida a essa obra, sendo acurada com o material original.


O problema fica por conta do ritmo e a direção de Alexandre Aja (Do Outro Lado da Porta, 2015), que mata todo o mistério do suspense. O público só precisa prestar atenção para desvendar o segredo no filme, acabando com a surpresa no último ato. Sem a grande revelação, a produção perde seu trunfo e fica perdida no mar de adaptações indesejáveis. Mesmo sendo uma das adaptações que fazem jus ao material original acima da média, nem de longe é um ótimo filme. Apesar de bizarro e criativo, A Nona Vida de Louis Drax nunca vai conseguiu encontrar seu espaço nesse mar cruel.

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