
Um novo Titanic sem o romance
Baseada em eventos reais e no artigo do The New York Times Deepwater Horizon's Final Hour, o diretor Peter Berg (Colateral, 2004) desenvolve a trama de Horizonte Profundo, que trata da plataforma de perfuração de petróleo localizada no Golfo do México, de mesmo nome. Relata as 48h que envolvem o acidente que matou onze pessoas e feriu tantas outras.

Mike (Mark Wahlberg) é o engenheiro principal da plataforma e tenta embargar a obra após diversos indícios de que algo está errado, contando apenas com o apoio de seu chefe responsável pela operação, Jimmy Harrell (Kurt Russell). Quando fracassam e o acidente acontece, Mike assume o papel de herói e defende os demais tripulantes mesmo colocando em risco a própria vida. Há cena após cena a eterna e bem fixada luta de caráter marcada pelo herói Mike versus ambição exacerbada, defendida com garra pelo dono da Cia Petrolífera (John Malkovich) que não chega a ser um vilão, apenas joga com o fato de que no mundo corporativo todos são apenas negócios e cifrões.

A imponente e majestosa plataforma desponta aos olhos do espectador conforme surgem personagens e suas funções, o que - no crescente da narrativa - alivia os momentos de tensão que irão surgir. Os diálogos técnicos - apesar de aparecer em demasia - dão o tom sério e real da história, o que facilita manter a atenção do público, seja pelo entretenimento, efeitos, drama ou intensidade real.
Kurt atua de modo fascinante e emocional - o que serve de homenagem às vítimas e aos sobreviventes do incidente - ao transformar uma catástrofe em um filme de efeitos especiais com um caráter humano. Assim como as poucas, porém firmes, aparições da esposa de Mike (Kate Hudson) que sintetiza em seu personagem toda a carga familiar que as reais famílias das vitimas passaram.

Uma vez que é baseado em um caso público, não há grandes reviravoltas no enredo, mas mesmo assim o ponto alto são os efeitos especiais e a didática envolta da ganância e da destruição que ela causa.